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Inédito. Homem recebe rim de porco geneticamente modificado

21 mar, 2024 - 20:57 • Marta Pedreira Mixão , com agências

"Vi isto não só como uma forma de me ajudar, mas também como uma forma de dar esperança aos milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver", afirmou o paciente.

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Foto: Massachusetts General Hospital
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Foto: Massachusetts General Hospital

Nos Estados Unidos, cirurgiões transplantaram, pela primeira vez, um rim de um porco geneticamente modificado para uma pessoa viva.

Os médicos do Massachusetts General Hospital afirmam ter concluído a operação com sucesso. Richard Slayman, de 62 anos, que sofre de uma doença renal e encontra-se em fase terminal, foi quem recebeu o órgão. O procedimento durou de quatro horas e está a recuperar bem, pelo que é esperado que tenha alta em breve, segundo o hospital.

Numa declaração escrita cedida pelo hospital, o paciente disse que fazia parte do programa de transplantes do hospital há 11 anos.

Por sofrer de diabetes e pressão alta, Slayman já tinha recebido um rim humano em 2018, contudo, começou a apresentar sinais de falência cinco anos depois da intervenção, pelo que o paciente teve de retomar hemodialise. E, quando foi diagnosticado, com uma doença renal em fase terminal em 2023, os médicos terão sugerido que experimentasse um rim de porco.

"Vi isto não só como uma forma de me ajudar, mas também como uma forma de dar esperança aos milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver", justificou Slayman.

A equipa hospitalar espera que o rim de porco funcione durante pelo menos dois anos.

Este é o mais recente desenvolvimento nas cirurgias que recorrem a porcos geneticamente modificados criados para fornecerem órgãos, para tentar aumentar a resposta a pessoas que precisam de transplantes. Este órgão veio de um porco que foi geneticamente modificado pela empresa eGenesis para o tornar mais compatível com os humanos.

"Este procedimento bem sucedido anuncia uma nova era na medicina, na qual temos o potencial de eliminar o fornecimento de órgãos como uma barreira ao transplante e concretizar a nossa visão de que nenhum paciente morre à espera de um órgão", afirmou o Dr. Michael Curtis, diretor executivo da eGenesis, em novo comunicado.

O diretor do Legorreta Center for Clinical Transplant Tolerance, Tatsuo Kawai, disse que o rim ficou imediatamente "rosado", depois de o colocarem, e começou a produzir urina.

De acordo com a Rede de Procura e Transplantação de Órgãos dos Estados Unidos, em 2023 foram transplantados cerca de 27 mil rins, mas em lista de espera por esses órgãos estavam quase 89 mil pessoas.

Os especialistas dizem que o xenotransplante - transplantes de animais para humanos - pode ser uma vertente importante para resolver a escassez de órgãos de dadores.

Nestes transplantes, de órgãos geneticamente modificados de porcos para humanos, os órgãos foram transplantados ao abrigo de regras especiais que permitem o uso compassivo de terapias experimentais para doentes em situações especialmente difíceis.

Várias empresas de biotecnologia estão competir para desenvolver uma forma de fornecimento de porcos clonados, cujo ADN foi geneticamente modificado para que os órgãos não sejam rejeitados pelo corpo humano e para que não causem outras complicações. Os porcos da eGenesis são criados com 69 modificações genéticas para preparar órgãos para transplante humano.

"Estamos gratos pela corajosa contribuição do doente e pelo avanço da ciência dos transplantes", afirmou Mike Curtis, diretor executivo da eGenesis, no comunicado. "Isto representa uma nova fronteira na medicina e demonstra o potencial da engenharia do genoma para mudar a vida de milhões de pacientes".

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