22 mar, 2024 - 08:27 • Lusa
O Reino Unido e a Austrália apelaram esta sexta-feira ao "fim imediato dos combates" na Faixa de Gaza, após uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa dos dois países.
Numa declaração conjunta, os ministros sublinharam "a necessidade" de pôr fim imediato aos combates na Faixa de Gaza "para permitir a entrega de ajuda [humanitária] e a libertação de reféns".
A declaração saiu de uma reunião em Adelaide, no sul da Austrália.
O Reino Unido é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, que deverá votar esta manhã um projeto de resolução, apresentado pelos EUA, que defende um cessar-fogo imediato em Gaza.
O porta-voz da missão norte-americana junto da ONU, Nate Evans, disse na quinta-feira que a votação será "uma oportunidade para o Conselho falar a uma só voz para apoiar a diplomacia no terreno e pressionar o Hamas a aceitar o acordo que está sobre a mesa".
Os Estados Unidos, aliados históricos de Israel, bloquearam repetidamente outras resoluções levadas a votação no Conselho que apelavam a um cessar-fogo imediato e duradouro em Gaza.
O resultado da votação é, no entanto, incerto, uma vez que a Rússia tem defendido a necessidade de um apelo mais claro aos dois lados do conflito para baixar as armas.
A mudança de posição foi anunciada quarta-feira pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na Arábia Saudita, a primeira etapa da sexta digressão pelo Médio Oriente desde o início da guerra, que prossegue hoje em Israel.
Já no Cairo, Blinken disse que um cessar-fogo em Gaza terá de estar ligado à libertação dos reféns raptados durante o ataque do Hamas a Israel.
O embaixador francês junto da ONU instou na quinta-feira o Conselho de Segurança a "tomar medidas antes do fim de semana" para exigir um cessar-fogo em Gaza durante o período do Ramadão.
"Cada vez que há uma crise no mundo, a primeira coisa que o Conselho de Segurança pede é um cessar-fogo. (...) Não deveria haver uma exceção. Conseguimos um cessar-fogo para o Ramadão no Sudão, por isso precisamos de um cessar-fogo para o fim do Ramadão também em Gaza", advogou.
Também na quinta-feira, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou que a União Europeia (UE) vai pedir uma "pausa humanitária para alcançar um cessar-fogo sustentável", apelando à necessidade de reverter a "situação catastrófica" na Faixa de Gaza.
O Ministério da Saúde de Gaza elevou o número de mortos no território para cerca de 32 mil palestinianos. O ministério não faz distinção entre civis e combatentes na contagem, mas diz que as mulheres e as crianças representam dois terços dos mortos.
Uma agência das Nações Unidas alertou para o facto de "a fome estar iminente" no norte de Gaza.
Os militantes palestinianos mataram cerca de 1.200 pessoas no ataque surpresa de 07 de outubro a partir de Gaza, o que desencadeou a guerra, e fizeram reféns outras 240. Estima-se que o Hamas ainda mantém cerca de 100 pessoas como reféns, bem como os restos mortais de outros 30.