26 mar, 2024 - 07:48 • Daniela Espírito Santo , André Rodrigues
Uma ponte colapsou em Baltimore, nos Estados Unidos da América, depois de um cargueiro colidir com um dos pilares da estrutura.
No momento do colapso seguiam vários automóveis nas faixas de rodagem, que terão caído ao rio. Desconhece-se, para já, o número de vítimas e desaparecidos, mas duas pessoas já foram resgatadas com vida, uma delas em estado crítico.
De acordo com o diretor de comunicações dos bombeiros de Baltimore, Kevin Cartwright, num primeiro momento as equipas de socorro procuravam resgatar pelo menos sete veículos que teriam caído à água, mas as informações mais recentes falam de, pelo menos, 20 pessoas, aparentemente trabalhadores, que estariam em cima da ponte a fazer reparações no asfalto.
As autoridades classificam este incidente como sendo de "extrema emergência", com um número indeterminado de vítimas. Um possível derrame de combustível no rio - consequência do embate do navio com a ponte - também está a ser investigado.
Em conferência de imprensa, o presidente da câmara de Baltimore, Brandon Scott, fala de uma "tragédia impensável". "Os nossos pensamentos estão com as famílias das pessoas que ainda estamos à procura de encontrar. Este é o nosso principal foco neste momento. Vamos continuar a trabalhar em equipa para fazer tudo o que seja possível para ultrapassar esta tragédia", disse, em declarações aos jornalistas.
Quanto ao estado da ponte, essa não é, para já, uma prioridade. "Neste momento temos pessoas na água que queremos retirar de lá", garantiu, ainda chocado com o cenário que encontrou ao chegar ao local, que lhe pareceu "saído de um filme de ação".
"Nunca pensei que veria a ponte a colapsar desta forma, mas o nosso foco está na preservação da vida", assegura.
Imagens partilhadas nas redes sociais mostram várias viaturas no tabuleiro da ponte no momento em que caiu, na madrugada desta terça-feira. À medida que o dia vai nascendo, começam também a surgir as primeiras fotografias do local, sendo possível perceber a extensão dos danos na estrutura.
O incidente aconteceu por volta das 01h30, hora local (05h30 hora de Portugal continental). A primeira equipa de resgate chegou ao local vinte minutos depois.
A ponte Francis Scott Key, com cerca de três quilómetros, é a maior ponte de Baltimore, no estado norte-americano de Maryland, e foi inaugurada em 1977. O rio local chama-se Patapsco e a temperatura da água ronda os nove graus, com fortes correntes. Cá fora, a temperatura também não ajuda as operações de resgate: estão cerca de 3 graus no local.
O cargueiro, chamado "Dali" tem cerca de 300 metros de comprimento e bandeira de Singapura. Tinha acabado de sair do porto local 45 minutos antes, tendo como destino o porto de Colombo, no Sri Lanka, onde deveria chegar a 22 de abril. As operações no porto estão, para já, suspensas.
Um relatório da Agência de Segurança Cibernética e de Infraestruturas norte-americana, citado pela ABC, assegura que o navio Dali "perdeu a propulsão" ao sair do porto e alertou as autoridades de Maryland de uma possível colisão iminente.
Ou seja, a tripulação terá avisado as autoridades de que tinha perdido o controlo da embarcação e que um "embate com a ponte seria possível".
"A embarcação atingiu a ponte e causou um colapso total", é confirmado.
De acordo com uma página especializada, citada pelo jornal The Guardian, o mesmo navio já tinha estado envolvido numa colisão em Antuérpia, Bélgica, em 2016. Na altura, terá raspado num dos lados do porto, ao sair, e foi apreendido pelas autoridades. O comandante e o piloto do navio na altura foram considerados culpados. Não houve feridos.
Quanto à tripulação do cargueiro, todos os 22 elementos estarão aparentemente bem e fora de perigo, apesar do barco se ter incendiado na sequência do embate. O Synergy Marine Group, proprietário da embarcação, refere que o barco, ao serviço da Maersk, estava a ser pilotado por dois elementos da tripulação quando o acidente ocorreu. Não há feridos na embarcação e a empresa está a colaborar com as autoridades na investigação.
O FBI está no local mas adianta que não há quaisquer indícios de terrorismo. A possibilidade de um problema técnico na embarcação não foi colocada ainda de parte, bem como a possibilidade de se ter tratado de um erro humano.
A Casa Branca também já garantiu estar a "monitorizar de perto" a situação. "Os nossos corações estão com as famílias dos desaparecidos", é dito, em comunicado oficial, onde foi garantido que não há provas de "qualquer intenção nefasta".
[Notícia atualizada às 12h31 de 26 de março de 2024]