Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Israel acusa relatora da ONU que apontou indícios de genocídio em Gaza de "distorcer os factos"

26 mar, 2024 - 05:28 • Lusa

A+ / A-

O Governo israelita acusou a relatora designada das Nações Unidas para monitorizar os direitos humanos nos territórios palestinianos de "distorcer os factos e a lei" ao acusar o país de cometer genocídio em Gaza.

"É evidente no relatório que a relatora partiu da conclusão de que Israel está a cometer genocídio e depois tentou provar as suas opiniões distorcidas e orientadas politicamente com argumentos e justificações fracas", disse Israel, na segunda-feira, em resposta à divulgação do relatório preparado por Francesca Albanese para o Conselho dos Direitos Humanos da ONU.

A posição oficial, citada pela agência noticiosa Efe, foi transmitida pela missão diplomática de Israel na ONU em Genebra e o executivo considera que Albanese "continua a sua campanha para deslegitimar a criação e a própria existência do Estado de Israel".

"O relatório é uma inversão obscena da realidade", afirmou a resposta, que acrescentou que "acusar Israel de genocídio é uma distorção ultrajante da Convenção sobre o Genocídio".

O relatório de Albanese acusa o Estado israelita de ter violado a convenção por três vezes desde o início da guerra em Gaza.

O documento "Anatomia de um Genocídio", que será apresentado esta terça-feira ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, conclui estarem a ser cometidos intencionalmente pelo menos três "atos genocidas", assim definidos pela Convenção de 1948 para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio.

Analisando os padrões de violência e as políticas de Israel em Gaza, concluiu-se que os três atos são "assassínio de membros de um grupo", com o registo de mais de 30.000 palestinianos mortos em cinco meses de conflito, "lesões corporais ou mentais graves a membros de um grupo" e "infligir deliberadamente a um grupo condições calculadas para provocar a sua destruição física total ou parcial".

O documento indica que "de uma forma mais geral, as ações de Israel são impulsionadas por uma lógica genocida essencial ao seu projeto colonialista na Palestina", recordando a existência de "práticas que tendem para a limpeza étnica dos palestinianos" entre 1947-1949 e em 1967.

A publicação do relatório acontece dois meses depois de o Tribunal Internacional de Justiça, o tribunal da ONU em Haia, ter pedido a Israel, numa decisão preliminar, que tomasse todas as medidas necessárias para evitar o genocídio em Gaza, sem ter determinado se o crime existe ou não, porque essa conclusão poder demorar anos.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em solo israelita em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades de Israel.

Desde então, Israel tem retaliado com uma ofensiva que já provocou mais de 32.000 mortos, de acordo com o balanço mais recente do Ministério da Saúde palestiniano, controlado pelo Hamas.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+