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Síndrome de Havana pode mesmo ser causado pela Rússia

01 abr, 2024 - 11:45 • Daniela Espírito Santo

Investigação com cinco anos defende que armas sónicas foram usadas contra representantes do governo dos EUA.

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Uma misteriosa onda de "incidentes anómalos de saúde" relatada por diversos funcionários do governo norte-americano desde 2016 poderá realmente tratar-se de um ataque russo. A chamada "Síndrome de Havana" pode mesmo ter origem numa unidade secreta russa, apesar da CIA ter garantido, em 2022, o "improvável" envolvimento de algum país nestes episódios.

A informação é avançada pelo programa 60 Minutos, da CBS, em parceria com a revista alemã Der Spiegel e com o site de investigação The Insider e é o culminar de cinco anos de investigação a diversos episódios sem explicação. Trata-se do quarto episódio do famoso programa de investigação jornalística a abordar o tema e, pela primeira vez, poderá haver provas que incriminem os responsáveis pelos ataques, assegura Scott Pelley, no mais recente episódio do programa televisivo norte-americano.

O primeiro caso aconteceu em Cuba (daí o nome "Síndrome de Havana"), quando funcionários e militares norte-americanos naquele país relataram tonturas, náuseas, enxaquecas e até perda de memória. Depois deste primeiro incidente outros se seguiram em vários países, sempre a envolver elementos ligados ao governo norte-americano, diplomatas ou representantes, bem como agentes do FBI ou da CIA, militares e respetivas famílias. Muitas das vítimas acreditaram ter sido "atingidas por uma arma secreta que dispara feixes de alta energia de microondas ou ultrassom".

Segundo a investigação, há indícios que provam uma ligação entre pelo menos um dos ataques, na Geórgia, e uma unidade secreta russa. Em causa podem estar armas sónicas ou armas de energia acústica - o que poderá explicar alguns relatos de sons muito altos antes dos sintomas se revelarem.

A investigação, assinada por Christo Grozev, chama a esta unidade secreta russa a "Unidade 29155", que alegadamente alberga assassinos e especialistas em tecnologia avançada. O jornalista de investigação - que também revelou os nomes dos agentes que envenenaram Alexey Navalvy - assegura ter encontrado um documento que liga esta unidade a uma arma de energia acústica que se pretendia que fosse não letal.

Um alegado membro desta unidade chegou a ser investigado em Tbilissi. O 60 Minutos acredita que elementos da "Unidade 29155" estaria na Geórgia para "facilitar, supervisionar e até implementar ataques a diplomatas norte-americanos, funcionários do governo, usando uma arma sónica", assegura Grozev.

No entanto, e apesar dos indícios, ainda muito ficou por provar e a CSB continua a defender que "não há uma resposta clara" sobre que país causou estes incidentes, dizendo que é "quase impossível" provar o que quer que seja nesta fase. Há dois anos, a CIA garantiu ser "improvável" o envolvimento da Rússia ou outro país nos episódios de "Síndrome de Havana" registados pelo mundo inteiro - e também em solo norte-americano.

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