07 abr, 2024 - 10:59 • Daniela Espírito Santo com agências
Israel decidiu retirar a maioria das tropas terrestres que mantinha no sul de Gaza, informa este domingo porta-voz das forças militares israelitas.
Segundo avança o Times of Israel, apenas uma brigada fica agora no enclave, num dia em que se assinalam seis meses do intensificar do conflito Israel-Hamas.
Deste outubro que as forças militares israelitas mantém na região pelo menos 260 operações terrestres.
A retirada das tropas aconteceu, adianta o mesmo jornal, durante esta madrugada. No sul da Faixa de Gaza havia combates quase diários há pelo menos quatro meses, na zona de Khan Younis.
Desta feita, apenas a Brigada Nahal, que protege "o chamado corredor Netzarim", entre o sul de Israel e a costa de Gaza, continua no local. Segundo o Times of Israel, esse corredor é utilizado para entregar ajuda humanitária ao norte de Gaza. Também serve para bloquear o acesso ao norte do enclave e facilitar operações no centro e norte da Faixa de Gaza.
A confirmação chega depois de, no sábado, o exército israelita (IDF) recuperar em Khan Yunis o corpo sem vida do refém israelita Elad Katzir, capturado pela Jihad Islâmica a 7 de outubro passado.
O exército israelita adiantou hoje que antes da sua retirada do sul de Gaza, as suas unidades de combate levaram a cabo as últimas operações no bairro de Al Amal para concluir o desmantelamento da "infraestrutura terrorista".
Israel já "completou os preparativos para responder a qualquer cenário" que envolva o Irão, garante o ministro da Defesa, Yoav Gallant. A resposta, citada pelo Times of Israel, surge na sequência de uma promessa velada de um conselheiro do líder do Irão, que avançou, nas últimas horas, que nenhuma embaixada israelita "estará segura neste momento" - a embaixada iraniana na Síria foi atingida por Israel, num ataque de que resultaram 16 mortos.
A agência noticiosa iraniana (ISNA) também publicou um gráfico onde figuram os nomes e imagens de nove tipos de mísseis iranianos capazes de atingir Israel.
Numa mensagem na rede social X, o ex-ministro da Justiça israelita Gideon Sa'ar criticou a retirada das tropas, assegurando que "a contínua redução do tamanho das forças" israelitas em Gaza afastou Israel de conseguir "alcançar os objetivos da guerra".
O próximo objetivo de Israel em Gaza parece ser a anunciada incursão militar em Rafah, no sul do enclave, onde vivem 1,4 milhões de deslocados e onde ainda permanecem, segundo as forças armadas israelitas, quatro batalhões do Hamas.
A incursão tem a oposição dos Estados Unidos, principal aliado militar de Israel.
A plataforma social TikTok garantiu, em comunicado, já ter removido 3,1 milhões de vídeos filmados em Israel e na Faixa de Gaza desde 7 de outubro. Para além destas imagens, foram, igualmente, suspensos 140 mil vídeos em direto.
Num comunicado citado pelos media israelitas, a empresa adianta que os vídeos removidos da plataforma "promoviam o Hamas, discurso de ódio, extremismo violento e desinformação".
Recorde-se que a empresa, detida pela chinesa ByteDance, já foi acusada várias vezes de antissemitismo, incluindo por várias celebridades de origem judaica, onde se inclui, por exemplo, o ator Sacha Baron Cohen, que garantia, no final do ano passado que, na plataforma, se estava a criar "o maior movimento antissemita desde os nazis".
O número oficial de mortos na Faixa de Gaza alcançou este domingo os 33.175, quando se cumprem seis meses desde o início da ofensiva israelita após os múltiplos ataques do Hamas que provocaram, em 7 de outubro, 1.200 mortos.
"A ocupação israelita cometeu quatro massacres contra famílias na Faixa de Gaza, causando 38 mortos e 71 feridos em hospitais durante as últimas 24 horas", afirmou hoje em comunicado o Ministério da Saúde do governo de Gaza, controlado pelo grupo islamita radical Hamas.
Mais de 14.000 do total de mortos (42%) são crianças e 9.200 são mulheres, de acordo com a mesma fonte.
O número total de feridos ascende a 75.886, aos quais se somam cerca de 7.000 corpos que estarão ainda debaixo de escombros.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza.
A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária em Gaza, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
[Notícia atualizada às 13h59 de 7 de abril de 2024]