02 mai, 2024 - 06:23 • Diogo Camilo e Lusa
O género molda a saúde e ser homem ou mulher, aliado a outras questões como o estatuto socioeconómico, dita diferenças substanciais no que toca à saúde, ao risco de prevalência de certas doenças e a uma diferente esperança de anos de vida. Um estudo divulgado esta quinta-feira mostra que as mulheres vivem mais anos que homens, mas que eles são afetados por doenças que conduzem mais à morte prematura, enquanto elas vivem em pior estado durante mais tempo.
A investigação, divulgada na publicação médica The Lancet Public Health, baseou-se em dados globais de 2021 para comparar o número de anos de vida perdidos - devido a doença e a morte prematura - para 20 das principais causas de doença em homens e mulheres com mais de 10 anos.
Nos homens, a perda de saúde reflete-se sobretudo em patologias que levam mais à morte prematura, como cancro do pulmão, problemas cardíacos e doença renal crónica, segundo o estudo.
Por oposição, as mulheres, que tendem a viver mais tempo, são afetadas por doenças ou incapacidades que se arrastam ao longo da vida, como dor lombar, dor de cabeça, depressão, ansiedade, doença de Alzheimer e outras demências.
No mundo, a esperança de vida das mulheres à nascença é de 74 anos, enquanto a de homens está nos 69. Em Portugal, o mesmo indicador está nos 81 anos.
A análise feita exclui problemas de saúde específicos do sexo, como cancros da próstata e doenças ginecológicas, mas avalia as diferenças entre homens e mulheres afetados pelas mesmas patologias.
De acordo com os autores do trabalho, as diferenças entre homens e mulheres à escala global no que concerne à saúde foram consistentes desde 1990, excetuando para algumas doenças como a diabetes, cujo diferencial quase triplicou, atingindo mais os homens do que as mulheres.
"O desafio, agora, é conceber, aplicar e avaliar formas de prevenir e tratar as principais causas de morbilidade e mortalidade prematura, baseadas no sexo e no género, desde tenra idade e em diversas populações", assinalou, citada em comunicado, uma das autoras do estudo, a epidemiologista brasileira Luísa Sorio Flor, do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington, Estados Unidos.