06 mai, 2024 - 16:35 • Marta Pedreira Mixão com Agências
O exército israelita realizou ataques aéreos em Rafah esta segunda-feira, apenas horas depois de Israel ter apelado à evacuação da cidade do sul de Gaza, num momento em que as negociações de cessar-fogo parecem estagnar.
O Hamas afirmou que qualquer operação israelita em Rafah poria em perigo as negociações de tréguas e considerou que a ordem de evacuação era uma “escalada perigosa” que teria consequências. As Forças de Defesa de Israel (IDF) classificaram esta operação como sendo de “âmbito limitado” e estimaram que seria necessário deslocar cerca de 100 mil pessoas.
De acordo com o exército israelita, o apelo à evacuação realizado esta segunda-feira foi feito através de “anúncios, mensagens de texto, chamadas telefónicas e emissões nos meios de comunicação social em árabe” e afirmou, nas redes sociais, que atuaria com “força extrema” contra organizações terroristas em zonas residenciais.
Sete meses após o início da ofensiva contra o Hamas, Israel garante que Rafah abriga milhares de combatentes do grupo islâmico e que a vitória é impossível sem tomar a cidade, onde vivem mais de um milhão de deslocados palestinianos.
A ONU estimou que cerca de 1,2 milhões de pessoas, a maior parte delas deslocadas pelos combates, estão em Rafah, contra a qual Israel insiste há meses que tenciona levar a cabo uma ofensiva militar de grande envergadura.
“Forçar a evacuação de mais de um milhão de palestinianos deslocados de Rafah, sem um destino seguro, não só é ilegal como terá consequências catastróficas”, declarou a organização britânica ActionAid.
O Hamas assegurou que "qualquer ofensiva militar em Rafah não será um piquenique para o exército de ocupação fascista" e que as Brigadas Qassam estão "totalmente preparadas para defender o nosso povo e derrotar este inimigo".
Já em declarações à Reuters, o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, afirmou que “a administração dos EUA, juntamente com a ocupação, é responsável por este terrorismo”.
Do lado israelita, o ministro dos negócios estrangeiros, Israel Katz, justificou que esta guerra com Gaza visa "a libertação de todos os reféns e a derrota do Hamas".
Por sua vez, segundo noticiou a Reuters, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Israel disse que estão “a preparar-se para uma ofensiva no norte” e que a operação militar em Gaza “vai continuar com força”. Herzi Halevi fez estas observações enquanto efetuava uma avaliação da situação na fronteira libanesa.
De acordo com a Axios, que cita um alto funcionário dos EUA, Joe Biden terá exigido a Israel a reabertura imediata da passagem de Kerem Shalom, uma das principais rotas para a entrada de ajuda em Gaza, durante um telefonema com Benjamin Netanyahu esta segunda-feira.
A passagem foi encerrada depois de um ataque com rockets, reivindicado pelo Hamas, ter matado três soldados.