16 mai, 2024 - 05:30 • Henrique Cunha
O sacerdote português Alfredo Gonçalves, radicado no Brasil há mais de 50 anos, estima que o regresso à normalidade na área do Rio Grande do Sul seja demorado.
“A reconstrução demorará mais de um ano porque são muitas casas, hospitais e escolas que estão condenadas e que terão de ser demolidos”, avança o padre Gonçalves à Renascença.
“O Rio Grande tem hoje mais de mil escolas sem funcionamento e centenas de hospitais não funcionam e mesmo na capital, Porto Alegre, as unidades de saúde e os hospitais estão todos fechados. Funcionam apenas os hospitais de campanha”, completa.
"A água vai demorar uma semana ou mais para baixar" , diz, ainda o sacerdote scalabriniano que é também assessor do setor da Mobilidade dos Bispos do Brasil
“O Governo já reservou mais de 50 bilhões de reais para a tragédia. O Banco dos países do BRIX reservou 5,7 bilhões de reais para recompor o Rio Grande do Sul, mas seguramente a reconstrução de tudo o que foi destruído demorará mais de um ano. Estradas, pontes, escolas, hospitais, casas; tudo vai ter de ser reconstruído. Se não chover a água vai demorar uma semana ou mais para baixar."
Também a Igreja Católica está envolvida no apoio às populações: "Todas as dioceses criaram uma conta para os fiéis poderem enviar alguma quantia para o Rio Grande do Sul. E todas as igrejas estão a receber roupas e alimento para o Rio Grande."
De acordo com este sacerdote português, ao lado da solidariedade há quem se aproveite “do facto das pessoas terem sido obrigadas a abandonar as suas casas para iniciar uma onda de assaltos”.
Num texto enviado à Renascença, intitulado “A riqueza de quem tudo perdeu”, Alfredo Gonçalves alude a “uma tragédia que permanece viva” e à “água e lama que ainda cobrem as casas, em alguns casos até o teto”.
“Centenas de milhares de pessoas, sem chão e sem rumo, encontram-se nos abrigos improvisados. A grande maioria dos atingidos perderam em segundos, minutos, horas tudo aquilo que haviam conquistado durante anos. Estradas continuam bloqueadas, pontes foram levadas pela torrente, edifícios ruíram definitivamente”, descreve.
O sacerdote fala de uma “calamidade sem precedentes que se estende por quilômetros de ruas e avenidas alagadas” que mostra sua face mais cruel nas habitações engolidas até ao telhado, nas ruínas, escombros e destroços acumulados por todos os lados”.
O padre Alfredo Gonçalves é originário da ilha da Madeira, de onde imigrou para o Brasil quando tinha 15 anos.