20 mai, 2024 - 19:04 • Beatriz Pereira
Um estudo divulgado na revista Toxicological Sciences revelou que foi detetada, pela primeira vez, a presença de microplásticos em testículos de humanos e de cães, algo que pode estar ligado ao declínio na contagem de espermatozóides nos homens.
Os investigadores da Universidade do Novo México, nos Estados Unidos, testaram 23 testículos humanos, e também 47 testículos de cães de estimação, tendo sido encontrados, ao todo, 12 tipos de microplásticos em todas as amostras.
Segundo o estudo, foram detetados 328,44 microgramas de plástico por grama nos órgãos humanos, quase três vezes mais do que nos cães (122,63 microgramas).
Em entrevista ao portal de notícias da universidade, o professor Xiaozhong Yu, responsável pelo estudo, referiu ter duvidado, inicialmente, "que os microplásticos conseguissem penetrar no sistema reprodutivo”.
“Quando recebi pela primeira vez os resultados para cães fiquei surpreendido. Fiquei ainda mais surpreendido quando recebi os resultados para humanos", sublinhou.
Os cientistas descobriram que o polímero era mais proeminente nos tecidos humanos e o polietileno, usado para fazer sacos e garrafas de plástico, nos dos cães.
“O plástico faz a diferença", diz Yu. “O PVC pode libertar muitos produtos químicos que interferem na espermatogénese e contém produtos químicos que causam desregulação endócrina".
Os testículos analisados foram de pessoas que já morreram. Já o tecido canino veio de abrigos de animais da cidade de Albuquerque e de clínicas veterinárias privadas que realizam operações de esterilização.
Estima-se que cerca de 10 milhões de toneladas de microplásticos acabem nos oceanos anualmente e que os seres humanos e animais ingiram ou inalem elevadas quantidades de microplásticos, que foram detetados em pulmões, cérebros, corações, sangue, placentas e fezes humanas.