21 mai, 2024 - 20:32 • Maria João Costa com sonorização de André Peralta
Em várias esquinas de Buenos Aires, as paredes têm grafitis com as frases “A Pátria não se vende, defende-se”; “Milei = Fome”; “Milei fascista”. Assim está a Argentina, seis meses depois da eleição de Javier Milei como presidente.
Há pessoas a dormir nas ruas e nas estações de metro. Nos transportes públicos e mercados, os argentinos fazem o que podem para ganhar dinheiro. Desde vender café em termos até dançar tango ou cantar no metro, tudo são formas de pedir esmola.
A liberalização dos preços trouxe dificuldades. “Aumentou a luz, o pão, os transportes e o gás”, cantam dois jovens argentinos, numa carruagem de metro de Buenos Aires.
Na cidade que vive de frente para o Rio de la Plata, palavra que na Argentina significa dinheiro, as carteiras andam mais vazias. A igreja que trabalha nos bairros periféricos de Buenos Aires testemunha situações de fome, a procura nos refeitórios sociais aumentou nos últimos meses.
Há quem tenha votado em Milei e já repense a vida. Há quem não tenha votado e ache que a sua atuação merecia agora o seu voto de confiança. A Argentina está dividida.
O Dia do Trabalhador foi de muita contestação ruidosa. Na rua está o descontentamento, mas também os jornalistas da única agência de notícias estatal, que Milei resolveu encerrar. Em protesto, os repórteres estão acampados à porta da delegação.
Questionados sobre o futuro do país, os argentinos dizem que vão esperar “democraticamente” que Milei saia do poder, porque com ele não vislumbram o futuro.