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​"Cortar a relva por baixo dos pés". Vereador português em Paris dá receita contra extrema-direita

05 jun, 2024 - 07:00 • Pedro Mesquita, enviado da Renascença a Paris

A ideia será apostar na antecipação, explica Hermano Sanches Ruivo, convicto de que Marine Le Pen nunca será Presidente de França.

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Vereador português em Paris dá receita contra extrema-direita
Ouça aqui a reportagem.

Hermano Sanches Ruivo foi o primeiro português a ser eleito vereador na Câmara de Paris. A sua já longa experiência política diz-lhe que a melhor fórmula para travar o crescimento da extrema-direita é “cortar a relva por baixo dos pés”.

Ou seja, segundo este vereador português em terras francesas, a solução é tentar resolver as situações mais difíceis, antes que as pessoas sintam a necessidade de recorrer a slogans nacionalistas: “Temos de investir nos bairros em situação mais difícil, investir nos mais jovens e nos seniores”, sublinha em declarações à Renascença.

A ideia será apostar na antecipação, explica Hermano Sanches Ruivo: “Encontrarmos soluções que têm a ver com as necessidades das pessoas, sem que elas tenham de dizer: ‘Os franceses primeiro’ ou ‘Os outros não, e eu sim’”.

Mas, de acordo com as sondagens, o Rassemblement National, de Marine Le Pen, continua a somar apoios em toda França. Um em cada três eleitores franceses estará a preparar-se para votar na extrema-direita, no próximo domingo, num país que mantém o lema: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. E porquê?

O problema, explica Hermano Sanches Ruivo, são as políticas que “abalam”, por exemplo, o serviço público, ou a falta de investimento na educação.

“A extrema-direita, como acontece noutros países, aproveita para dizer: ‘eu sei o que é preciso fazer. Eu tenho as soluções’”. E acrescenta, de imediato: “Eles não são a solução, e não têm programas viáveis. Capitalizam com a ansiedade”.

A esta frase, segue-se um desabafo: “infelizmente, já sabemos quem vai ganhar as eleições europeias aqui em França”. E a consequência, diz, é que “uma vitória da extrema-direita aqui em França, não vai dar para ser uma vitória da extrema-direita a nível europeu. De uma certa forma, a voz da França vai ficar ainda mais diluída”.

E no plano interno, de que forma poderá o Rassemblement National aproveitar o empurrão pré-anunciado, a 9 de junho?

As presidenciais são apenas em 2027, e Hermano Sanches-Ruivo mantém uma convicção já antiga: “Marine Le Pen, a meu ver, nunca será Presidente da República. Já tive mais confiança nessa frase do que agora, mas continuo a pensar que o nome Le Pen acaba por afastar as pessoas, de uma certa forma. Mas será que vai ser ela, forçosamente, a candidata em 2027? Isso já poderia alterar uma parte do esquema.”

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