30 jun, 2024 - 19:04 • Diogo Camilo
O partido de extrema-direita União Nacional lidera as projeções da primeira volta das legislativas em França, com cerca de 34% dos votos, podendo ganhar até 150 novos lugares no parlamento francês.
As projeções de IFOP, Ipsos, OpinionWay e Elabe colocam em segundo lugar a coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), com cerca de 29%, enquanto o bloco que inclui o partido do presidente Emmanuel Macron terá entre 20% a 23% dos votos.
Numa primeira reação aos resultados, Marine Le Pen diz que a "democracia falou" e que os primeiros resultados mostram uma "vontade de virar a página de sete anos de poder corrosivo", apelando à renovação do voto na segunda volta das eleições.
"O bloco macronista" está "praticamente apagado", afirmou.
Caso nenhum partido consiga este domingo mais de 50% dos votos (ou seja, pelo menos 289 eleitos), haverá uma segunda volta, já marcada para o próximo domingo, dia 7 de julho.
Uma das projeções, da Elabe, estima que a União Nacional de Jordan Bardella e Marine Le Pen possa conseguir entre 260 e 310 mandatos na segunda volta, enquanto a Ipsos projeta um intervalo entre os 230 e os 280 lugares para o partido de extrema-direita.
Num primeiro discurso após as primeiras projeções, o candidato do União Nacional, Jordan Bardella, afirmou que os franceses "honraram a democracia" com a "participação mais alargada e mais importante dos últimos 40 anos" e considerou que os resultados confirmam uma "vontade de mudança", apelando também ele a um esforço na segunda volta.
O candidato do partido de extrema-direita apontou ainda o dedo à Nova Frente Popular de esquerda, considerando que a coligação "levará o país para a desordem e ruína da economia", apelidando a força de "extrema-esquerda perigosa" e que quer "abrir as portas à imigração" e não tem "limites morais".
Reportagem
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Já Jean-Luc Mélenchon indicou que os resultados mostram uma "derrota pesada e indiscutível" de Emmanuel Macron, anunciando que, no caso de passaram as três forças políticas à segunda volta, a coligação da Nova Frente Popular irá "retirar a candidatura" para combater a extrema-direita. "Nem um voto, nem mais um lugar para a União Nacional", afirmou, citado pelo Le Monde, dizendo mesmo que "é a França que está em jogo".
No seguimento do discurso de Mélenchon, os partidos da coligação de esquerda começaram a apelar para a retirada de candidaturas de todos os partidos que ficarem em terceiro lugar, para um "voto claro" contra a União Nacional.
Em comunicado citado pelo Le Monde, o partido de Emmanuel Macron também apelou à retirada de candidatos nos círculos em que ficar em terceiro lugar numa tentativa de travar o União Nacional.
"Face à ameaça de uma vitória da extrema direita, apelamos a todos os grupos políticos para que agirem com responsabilidade e fazerem o mesmo", refere a nota do Renascimento.
Em reação mais tarde, o primeiro-ministro francês e membro do Renascimento, afirmou mesmo que o objetivo é "claro": "evitar que a União Nacional tenha maioria absoluta na 2.ª volta, domine a Assembleia Nacional e governe o país com o seu projeto desastroso.
"Nem um único voto deverá ir para a União Nacional, em nenhuma circunstância", disse, indicando que é "dever moral" dos franceses "fazer tudo para evitar que o pior aconteça".
[artigo atualizado às 22h12]