30 jun, 2024 - 08:00 • André Rodrigues , João Malheiro
A vitória da extrema-direita nas eleições que se realizam este domingo "reduz o papel de Macron" no plano internacional.
É a análise do embaixador Francisco Seixas da Costa, à Renascença, ao cenário mais expectável, segundo as sondagens dos últimos dias de campanha.
Tudo aponta para uma vitória da extrema-direita. A grande incógnita é se será por maioria absoluta, o que, a acontecer, seria a primeira vez desde a II Guerra Mundial.
O antigo embaixador em Paris explica que a representação externa de França é feita pelo Presidente, que deverá continuar a fazer "um discurso pró-ucraniano, a favor do alargamento da NATO".
No entanto, "ao lado terá alguém que terá as mãos no Orçamento" e caso essa figura seja de extrema-direita, "perante determinadas decisões de consequência financeira, vai dizer não".
Macron e a restante Direita "não estão disponíveis" para votar à Esquerda, que, coligada, figura-se como a segunda força política e a que tem mais hipóteses, se bem que poucas, de travar o partido de Marine Le Pen.
Por outro lado, Seixas da Costa diz que há nesta altura um enorme sentimento de rejeição a Macron.
"Macron, hoje, é odiado por grande parte da França. As eleições europeias acabaram por ser uma espécie de referendo e não conseguiu perceber a rejeição pessoal que tem. Foi acumulando uma série de rejeições", aponta o diplomata.
Além disso, o chefe de Estado francês não calculou que todos os partidos de Esquerda se unissem, o que levou a que o seu partido esteja em terceiro lugar nas sondagens. E, para agravar a situação, a Direita democrática colou-se à União Nacional, isolando Macron ao centro.
Cerca de 49 milhões de eleitores franceses são chamados a escolher os 577 deputados da Assembleia Nacional este domingo.