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Europa das Nações Soberanas. Extrema-direita cria terceiro grupo no Parlamento Europeu

10 jul, 2024 - 23:50 • João Pedro Quesado

Unidos pela oposição à ajuda militar à Ucrânia, ao Pacto Ecológico e à integração europeia, 25 eurodeputados criaram um novo grupo, liderado pelo AfD, que passa a ser o mais radical dos grupos em Estrasburgo e Bruxelas.

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Não há dois sem três. Depois da substituição do Identidade e Democracia pelo Patriotas pela Europa, a maioria da extrema-direita que estava fora dos grupos políticos europeus criou esta quarta-feira um novo grupo, o Europa das Nações Soberanas, dominado pelos eurodeputados da Alternativa para a Alemanha (AfD).

O novo grupo, o terceiro com partidos da extrema-direita no Parlamento Europeu, junta partidos e eurodeputados que até agora não foram aceites nem nos Conservadores e Reformistas Europeus, nem no Patriotas pela Europa. O motivo da exclusão foi, sempre, o radicalismo das visões destes partidos.

Foi isso mesmo que levou a AfD a ser expulsa do Identidade e Democracia no final de maio, mesmo antes das eleições europeias. A gota de água foram as declarações do principal candidato do partido alemão de extrema-direita, Maximilian Krah, sobre “nunca dizer que alguém que usou um uniforme das SS [organização paramilitar do regime de Hitler] era automaticamente um criminoso”. Esse mesmo extremismo levou ainda a AfD a ser explicitamente rejeitada pelo Patriotas pela Europa.

Maximilian Krah, que foi mesmo expulso da delegação do AfD, vai continuar como eurodeputado não-inscrito. “A importância deste projeto é muito maior que o meu próprio papel”, disse Krah na rede social X (antigo Twitter), que está “satisfeito e sem qualquer ressentimento”.

O grupo é composto apenas por 25 eurodeputados, de oito Estados-membros da União Europeia – o mínimo exigido pelas regras do Parlamento Europeu são 23 eurodeputados de 25% dos países da UE, o que atualmente coloca o limiar em sete países diferentes. Uma diferença de opinião que resulte numa cisão pode significar o fim do grupo.

De acordo com a Euronews, o grupo tem 14 eurodeputados do AfD, 3 do Confederação Liberdade e Independência (Polónia), 3 do Renascimento (Bulgária), 1 do Reconquista (França), 1 do Republika (Eslováquia), 1 do Liberdade e Democracia Direta (Chéquia), 1 do Movimento A Nossa Pátria (Hungria) e 1 do União da Justiça e Povo.

Um mapa partilhado pelo eurodeputado húngaro esta quarta-feira mostrava que o grupo contaria ainda com o partido espanhol “Se Acabó la Fiesta” e os seus três eurodeputados, mas tal acabou por não acontecer. Também o SOS Roménia, que quer voltar a juntar a Moldova ao país para recuperar a “Roménia Maior”, ficou de fora.

Os partidos do grupo são unidos pela oposição à imigração, ao Pacto Ecológico Europeu, à ajuda militar à Ucrânia e à integração europeia.

O último grupo político no Parlamento Europeu que foi abertamente contra a integração europeia – em vez de apenas se declarar eurocético - foi o Europa da Liberdade e Democracia Direta, entre 2014 e 2019, dominado pelo UKIP de Nigel Farage.

A constituição do novo grupo acontece dois dias depois de o Identidade e Democracia ser substituído pelo Patriotas pela Europa, um grupo criado por iniciativa de Viktor Orbán que conta ainda com o União Nacional de Marine Le Pen. A maior força do Conservadores e Reformistas Europeus é do partido Irmãos de Itália, de Giorgia Meloni.

O Parlamento Europeu volta agora a ter oito grupos políticos, o que aconteceu pela última vez no mandato entre 1999 e 2004. O prazo do Parlamento para comunicar a composição de grupos era o dia 4 de julho, pelo que o novo grupo não deverá ter acesso à liderança de nenhuma comissão.

A primeira sessão do novo Parlamento Europeu, eleito entre 6 e 9 de junho pelos cidadãos europeus, decorre entre 16 e 19 de julho. Os eurodeputados vão a Estrasburgo para eleger a presidência do Parlamento, para a qual Roberta Metsola foi novamente nomeada pelo PPE, assim como as vice-presidências e outros cargos da instituição.

A 18 de julho, os 720 eurodeputados vão votar a reeleição de Ursula von der Leyen como presidente da Comissão Europeia. A alemã precisa de uma maioria absoluta dos eurodeputados presentes na sessão para continuar a ocupar o cargo - em 2019 recebeu 383 votos, apenas nove acima do mínimo necessário.

Comentários
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  • ze
    11 jul, 2024 aldeia 13:30
    Porque será que a "comunicação social" nunca fala em extrema esquerda? será que não há?......

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