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Eleições nos EUA

Biden sob pressão. 14 democratas pedem que o Presidente desista das eleições

11 jul, 2024 - 21:58 • João Pedro Quesado com Reuters

Dúvidas sobre viabilidade da recandidatura de Joe Biden à Casa Branca continuam a crescer. O "The New York Times" aponta que vários conselheiros estão a considerar formas de convencer o Presidente dos EUA a desistir, e que a própria campanha de Biden está a testar a força de uma candidatura de Kamala Harris.

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A oposição dentro do Partido Democrata à candidatura à reeleição de Joe Biden aumentou esta quinta-feira. Duas semanas depois de um debate que não correu bem, são já 14 os membros democratas do Congresso norte-americano a pedir que o atual Presidente dos Estados Unidos da América desista da campanha, numa noite em que o político de 81 anos vai dar uma conferência de imprensa na cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

Até agora, 13 dos 213 democratas na Câmara dos Representantes e um dos 51 democratas no Senado apelaram publicamente ao Presidente para que se retire da disputa. Mais poderão seguir-se se Biden tropeçar ou perder a linha de pensamento durante a conferência de imprensa individual esta noite, às 23h30 (hora de Portugal continental), onde terá que responder a perguntas sobre vários tópicos – incluindo a aptidão para mais quatro anos na Casa Branca.

A campanha de Biden está na corda bamba há duas semanas, desde o fraco desempenho do Presidente no debate contra Donald Trump, o rival republicano de 78 anos - que passou o debate a mentir. O coro de vozes a pedir a desistência de Biden já conta com os atores George Clooney e Michael Douglas, importantes na angariação de fundos para campanhas do Partido Democrata.

Num memorando, a campanha de Biden argumentou que o debate não mudou drasticamente a eleição, e que pretendia conquistar eleitores indecisos ao mudar o foco para Trump, um criminoso condenado que enfrenta mais dois processos criminais por tentar anular a derrota nas eleições de 2020.

“Ninguém está a negar que o debate foi um revés. Mas Joe Biden e esta campanha já passaram por reveses antes”, dizia o documento.

Quatro democratas na Câmara dos Representantes pediram esta quinta-feira que o Presidente desista da campanha: Brad Schneider, de Illinois, Greg Stanton, do Arizona, Ed Case, do Havai, e Hillary Scholten, de Michigan.

“Estou eternamente grato pela sua liderança e serviço à nossa nação. Chegou a hora, no entanto, de o Presidente Biden passar heroicamente a tocha a uma nova geração de liderança”, disse Schneider em comunicado.

Estes democratas juntaram-se ao senador Peter Welch (Vermont) e aos representantes Pat Ryan (Nova Iorque), Mikie Sherrill (Nova Jérsia), Adam Smith (Washington), Lloyd Doggett (Texas), Raul Grijalva (Arizona), Seth Moulton (Massachusetts), Mike Quigley (Illinois), Angie Craig (Minnesota) e Earl Blumenauer (Oregon).

Nenhum dos líderes do partido no Congresso pediu que Biden encerrasse sua candidatura. Apesar disso, numa entrevista na quarta-feira, a ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi recusou-se a dizer que o Presidente deveria permanecer na disputa.

Os principais assessores da campanha reuniram com os democratas do Senado ao almoço para reforçar o apoio. Ao sair do almoço com a presidente da campanha de Biden, Jen O'Malley Dillon, e outros assessores importantes, vários outros democratas do Senado disseram que Biden deveria continuar sendo seu porta-estandarte.

Outros disseram que precisavam de ver Biden esforçar-se mais na eleição. “Algumas das minhas preocupações foram dissipadas, outras foram aprofundadas”, disse o senador Richard Blumenthal.

Mas também há sinais de preocupação do lado de Biden. Segundo o "The New York Times", a campanha encomendou uma sondagem para testar a força de uma candidatura da vice-presidente Kamala Harris contra o ex-Presidente Donald Trump, com o estudo a decorrer esta semana.

Na semana passada, uma sondagem Reuters/Ipsos colocava Harris com um resultado pior do que Biden se fosse a candidata democrata, já que ambos estavam estatisticamente empatados com Trump.

Ainda de acordo com o "The New York Times", alguns conselheiros de longa data de Biden estão a considerar maneiras de convencer o atual Presidente a desistir da candidatura à reeleição. A "NBC News" aponta que alguns funcionários da campanha acham que Biden não tem hipóteses de vencer as eleições.

Atenções viradas para conferência de imprensa na NATO

Os democratas vão observar de perto uma conferência de imprensa da Casa Branca no final da cimeira da NATO, em Washington D.C., às 23h30 (hora de Portugal continental), em que Biden será confrontado com perguntas dos jornalistas.

A conferência de imprensa será a primeira a solo do Presidente desde novembro de 2023. Será a aparição mais improvisada de Biden desde o debate de 27 de junho, onde pareceu perder a linha de pensamento várias vezes e tropeçou em várias respostas.

Uma entrevista à ABC News, na semana passada, levantou mais alarme quando Biden disse que ficaria satisfeito se perdesse a eleição, desde que desse o seu melhor.

As interações anteriores com repórteres da Casa Branca também saíram pela culatra. Em fevereiro, Biden confundiu os presidentes do Egito e do México numa conferência de imprensa improvisada que convocou para refutar a avaliação de um procurador de que tinha memória fraca.

Segundo a sondagem Reuters/Ipsos divulgada na semana passada, Biden e Trump estão empatados com 40% cada do voto popular. Outras sondagens mostraram Trump a alargar a vantagem sobre Biden, e alguns estrategas alertaram que Trump tinha hipóteses de vencer estados democratas, como New Hampshire e Minnesota.

No seu memorando estratégico, a campanha argumentou que sempre esperou eleições acirradas e que poderia vencer se se concentrasse em três estados decisivos: Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.

Se vencesse nesses estados, juntamente com outros considerados solidamente democratas, obteria 270 votos eleitorais – o mínimo necessário para assegurar a presidência. Biden obteve 306 votos eleitorais em 2020.

O memorando dizia que outros estados competitivos que Biden venceu em 2020 “não estão fora de alcance”. Analistas apartidários do Cook Political Report no início desta semana mudaram suas classificações para indicar que achavam que Trump tinha vantagem no Arizona, Nevada e Geórgia – os estados aos quais a campanha provavelmente se referia.

Biden viu a vantagem na angariação de fundos sobre Trump desaparecer nos últimos meses. Biden insistiu que não vai desistir, e as regras do partido tornam praticamente impossível para qualquer outra pessoa ganhar a nomeação na Convenção Nacional Democrata em agosto, a menos que ele se afaste.

Os democratas também teriam que descobrir como entregar a nomeação a Harris ou dar a outros, como a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, o secretário de Transportes, Pete Buttigieg, uma chance de defender uma eventual candidatura.

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