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Será muito difícil para Joe Biden contrariar dinâmica de vitória de Trump, diz especialista

15 jul, 2024 - 13:00 • André Rodrigues

Investigadora no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica considera que republicanos indecisos podem agora mais facilmente votar em Trump.

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Entrevista a Lívia Franco, sobre o momento político dos EUA
Ouça a entrevista a Lívia Franco

Do ataque a Joe Biden ao apelo à união. Donald Trump reescreveu o discurso que vai proferir na convenção nacional do partido republicano que vai confirmá-lo como candidato à Casa Branca.

É a consequência do ataque de que foi alvo este fim de semana, durante um comício. Será que Trump pode aproveitar o incidente para se reforçar politicamente?

Foi a pergunta que a Renascença fez a Lívia Franco, investigadora no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica.

Para a especialista, será difícil para Joe Biden contrariar a dinâmica vitoriosa do adversário. Nem mesmo um eventual afastamento de última hora do Presidente em funções - e candidato do Partido Democrata - poderá travar a subida de popularidade de Donald Trump.

Dados os acontecimentos do fim de semana, Joe Biden pode fazer uma saída de última hora da corrida à Casa Branca, para travar a subida de popularidade de Donald Trump?

Primeiro acho que é improvável. Segundo, acho que seria sempre muito difícil. É o contraste entre um candidato bastante enfraquecido no seio do partido e outro candidato que parece aqui fortalecido com esta tentativa de o eliminar.

Talvez o aspeto que mais tenha impressionado a opinião pública seja as imagens, em que segundos depois dele ter sido alvejado, Trump aparece com ar triunfante e disposto a continuar a batalhar por aquilo que é de facto esta candidatura.

E, portanto, eu acho que este contraste vai sobretudo contar no sentido de convencer alguns eleitores que, tendencialmente, sendo votantes do Partido Republicano, podiam estar um bocadinho vencidos a ir votar no candidato Trump, na medida em que a sua candidatura era vista como uma candidatura pouco moderada.

Ou seja, parece-me a mim muito difícil que a campanha e a candidatura de Joe Biden em que tenha capacidade para concorrer com estes últimos continentes, a não ser que de facto surjam novos elementos inesperados que mudem a equação.

É de excluir ou de admitir uma eventual repetição de episódios deste género ao longo da campanha?

Aquilo que, em geral, quem acompanha este processo notou é que é impossível desligar este acontecimento daquilo que é o contexto de profunda polarização política e de alta tensão.

Na verdade, as dinâmicas das democracias servem para reconduzir para dentro do limite da não violência e da moderação as grandes escolhas da comunidade política.

Mas será Trump um exemplo? Não será ele a vítima de um ambiente que ele próprio criou?

É evidente que a retórica, a personalidade e o estilo de Trump não ajudaram em nada.

E também é verdade que, sobretudo nas últimas semanas, a campanha democrata tem sido uma campanha que entrou muito nesta lógica do amigo-inimigo. Aceitável e inaceitável. Isso tem consequências, sobretudo num país que está a viver momentos de grande transformação e de grande tensão, como é o caso dos Estados Unidos.

Eu acho que não é de pôr de lado a possibilidade de outros acontecimentos deste tipo se virem a verificar agora. Agora, também direi que, obviamente, as autoridades estarão muito mais atentas para efetivamente se aplicarem todos os protocolos e todas as regras que garantam a máxima segurança possível.

Aquilo que será não só, por exemplo, a Convenção Nacional Republicana, que vai começar esta semana em Milwaukee, mas que também o resto dos comícios ao longo destes meses que faltam para a campanha eleitoral.

O próprio Donald Trump diz que aquilo que ele vai fazer é um discurso na própria convenção nacional, que vai atuar a uma maior unidade do país, que Joe Biden quis este domingo.

Vamos esperar que, de facto, isso tenha algum impacto sobre a opinião pública e sobre os eleitores e que de alguma maneira modere de facto este clima de tensão.

Agora, que as coisas estão complicadas e que esse efeito moderação é difícil, sobre isso não há dúvida nenhuma.

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