18 jul, 2024 - 17:46 • João Pedro Quesado
Pode haver mais uma voz a pedir o afastamento de Joe Biden da corrida à Casa Branca. Barack Obama terá dito a aliados no Partido Democrata que o caminho para a vitória do atual Presidente é reduzido e que Biden precisa de considerar seriamente a viabilidade da recandidatura às eleições presidenciais de 2024, avança esta quinta-feira o “The Washington Post”.
Segundo o jornal norte-americano, que cita “múltiplas” fontes, Obama apenas conversou com Biden uma vez desde o debate de 27 de junho, e considera que deve ser o Presidente a tomar a decisão sobre o futuro da candidatura.
Obama, Presidente dos EUA entre 2009 e 2017, estará preocupado em proteger Biden e o legado do atual Presidente, e recusa a possibilidade de influenciar a decisão do atual Presidente, diz ainda o "The Washington Post".
Eleições nos EUA
Presidente norte-americano mudou de novo as condiç(...)
Joe Biden foi um dos derrotados por Barack Obama na corrida à nomeação do Partido Democrata para a Casa Branca em 2008. Obama convidou-o para candidato a vice-presidente em agosto desse ano, com o par Obama-Biden a derrotar o par republicano McCain-Palin com grande vantagem no Colégio Eleitoral.
Em 2014 e 2015, já com o fim do mandato e as eleições de 2016 no horizonte, Obama tornou claro que Hillary Clinton seria a herdeira da liderança democrata, não apoiando assim uma eventual candidatura de Biden. Obama também não apoiou Biden na luta pela nomeação democrata em 2019 e 2020, apenas se juntando à campanha depois de o atual Presidente conseguir uma reviravolta.
Desde o debate contra Donald Trump, em que surgiu com uma voz frágil, aparência pálida e teve dificuldade em terminar frases, que Joe Biden tem enfrentado um coro crescente de vozes a pedir a sua desistência da candidatura, e que liberte os delegados conquistados durante o processo das primárias para votar noutra opção. Já são 21 os políticos do Partido Democrata que o fizeram publicamente.
Esta quinta-feira, a “Axios” revela que vários democratas de topo acreditam que a pressão crescente de líderes congressistas e amigos próximos convença Joe Biden a desistir das eleições presidenciais já este fim de semana.
Segundo a “NBC News”, uma pessoa próxima de Biden afirmou que “estamos perto do fim”, e que a campanha está “finalmente a perceber” que é uma questão de “quando, não se” Biden vai desistir.
Eleições nos EUA
Dinheiro estará retido até o atual Presidente dos (...)
Os pedidos para Joe Biden desistir parecem-se cada vez mais com uma campanha coordenada, com várias notícias a mostrar, todos os dias, que tanto líderes atuais como históricos do Partido Democrata acreditam que Biden não tem hipóteses de vencer.
Entre os líderes citados a pedir o afastamento de Biden estão Chuck Schumer, o líder dos Democratas no Senado; Nancy Pelosi, a antiga líder da Câmara dos Representantes; Hakeem Jeffries, o líder dos Democratas na Câmara dos Representantes; e Adam Smith, ex-líder do Comité de Informações no Senado, que acabou por o declarar formalmente ao “Los Angeles Times”.
Vários antigos assessores de Obama, Biden e de Bill e Hillary Clinton têm publicado textos de opinião a apontar que o atual Presidente já não tem hipóteses de ser reeleito.
Eleições nos EUA
Dúvidas sobre viabilidade da recandidatura de Joe (...)
A “Axios” cita um “conhecido Democrata próximo da Casa Branca” a dizer que, ao não ouvir os primeiros apelos e sinais, Biden forçou “pessoas que gostam dele e o respeitam a recorrer a tentativas de o envergonhar”.
Já de acordo com o “The New York Times”, Biden está agora “mais recetivo” aos argumentos para a sua desistência.
Na quarta-feira, o “Politico” revelou uma sondagem a 15 mil votantes em sete estados decisivos nas eleições presidenciais, que coloca pelo menos quatro políticos democratas com uma vantagem de cinco pontos sobre Biden em cada estado.
Outra sondagem, divulgada também na quarta-feira pela Associated Press, revela que praticamente dois terços dos democratas preferem que Joe Biden desista da candidatura.
Nesse mesmo dia, após ser revelada uma entrevista em que Biden coloca o surgimento de uma "condição médica" como fasquia para considerar uma desistência, o Presidente dos Estados Unidos foi diagnosticado com covid-19, estando a sofrer sintomas ligeiros.
Na mira dos Democratas estão as sondagens nos estados do Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, cruciais para ultrapassar a fasquia dos 270 votos eleitorais no Colégio Eleitoral. Biden tem tido resultados consistentemente mais baixos que Trump tanto nas sondagens nos estados decisivos, como nas sondagens do voto popular a nível nacional.