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Eleições na Venezuela. "Amanhã é que sabemos se as pessoas vão celebrar ou se vão ficar tristes"

28 jul, 2024 - 17:59 • Sandra Afonso , Miguel Marques Ribeiro

Votação decide quem vai ser o presidente venezuelano durante os próximos seis anos. Em Lisboa estão inscritos nestas eleições apenas 530 eleitores, com mais 1100 no Funchal.

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Elio Pestana foi o sétimo a votar este domingo para as eleições presidenciais da Venezuela, no consulado de Lisboa, vantagem a que têm direito aqueles que, como ele, estão a apoiar a mesa de voto.

Elio Pestana é um dos organizadores das quatro manifestações marcadas para esta segunda-feira, em Lisboa, Porto, Aveiro e Funchal, no rescaldo do plebiscito do país latino-americano. Às cinco da tarde vão festejar ou continuar a lutar pela liberdade.

À Renascença, este luso-venezuelano a viver em Portugal há dez anos faz questão de abrir o jogo. Em Lisboa estão inscritos nestas eleições apenas 530 eleitores, com mais 1100 no Funchal, os números ficam muito aquém do número de venezuelanos a residir no país.

"Vota-se Consulado de Lisboa e no Consulado em Funchal. Estão inscritos para votar em Lisboa 530 pessoas, no Funchal são 1100. De um universo que deviam ser 32mil pessoas", declara.

Elio fala de um sentimento de “tristeza” pela forma como decorreram as inscrições, que deixaram a grande maioria dos seus compatriotas de fora.

"O que aconteceu é que muitas pessoas nem sabiam porque existe um processo de registo consular e o processo de recenseamento eleitoral que as pessoas pensam que é único e não é. São separados. Então as pessoas chegam ao engano e pensam que estão inscritas para votar. Estão inscritas no consulado e não podem votar e impactou diretamente", sublinha o luso-venezuelano.

Quem não consegue exercer o direito de voto, leva consigo "uma sensação de tristeza". "A arma das pessoas, da arma dos que são livres e dos que querem que as coisas mudem em paz é o voto e quando não têm direito a isso ficam um bocado desapontados", afirma Elio.

"O povo merece viver em paz"

O luso-venezuelano é um dos promotores das quatro manifestações marcadas para esta segunda-feira em Portugal. Explica que antes não faz sentido, porque a contagem dos votos por cá só arranca às 8h00 da manhã.

"Só amanhã é que nós sabemos se as pessoas vão celebrar, se vão ficar tristes", explica.

Com o país mergulhado numa crise económica e social, os eleitores são chamados a escolher entre 10 candidatos, mas na prática vão votar na reeleição de Nicolás Maduro para o terceiro mandato de 6 anos ou na oposição ao sucessor do chavismo, encabeçada pelo diplomata Edmundo Urrutia.

Elio Pestana não aponta candidatos, mas defende que o país precisa de mudança, como condição para a paz:

"Paz, quero paz para o meu país. Seja qual for o resultado, o povo merece viver em paz, que as pessoas consigam trabalhar e ter um o benefício do seu trabalho. A expressão de paz neste momento, considero que deve ser algum tipo de mudança para uma coisa, não sabemos se é de Governo, mas para uma coisa positiva. As pessoas não podem continuar no estado que estão a viver neste momento", admite.

Pede ainda que se respeite o resultado, depois de Maduro ameaçar durante a campanha com um "banho de sangue" e uma guerra civil, se não conseguir a vitória.

Dos resultados destas eleições depende o futuro de muitos destes venezuelanos, que pode passar pelo regresso ao país. Para Elio já é tarde, com filhas portuguesas já só admite regressar na reforma.

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