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Venezuela

Vitória de Maduro. Entre a suspeição de fraude eleitoral e as felicitações dos aliados internacionais

29 jul, 2024 - 09:28 • João Carlos Malta

De um lado, os EUA e os principais países da América Latina põem em causa a veracidade dos resultados eleitorais, do outro, a China e países aliados do líder venezuelano congratulam-no pela vitória histórica. Todas as reações à vitória de Nicolas Maduro para um terceiro mandato presidencial.

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As reações à vitória de Nicolas Maduro, para um terceiro mandato à frente dos destinos da Venezuela, não poderia causar reações mais extremadas. Por um lado, a oposição ao chavismo e vários países que se antagonizam com Maduro alegam a possibilidade de fraude, nas eleições de domingo, enquanto os aliados do líder venezuelano o felicitam pela vitória.

Na Venezuela, a oposição liderada por Edmundo González rejeitou o anúncio da Comissão Nacional de Eleições “por ser fraudulento e prometeu contestar o resultado”.

Afirmam que González venceu com 70% dos votos e insistem que este “é o legítimo presidente eleito”.

A oposição afirma que as contagens de votos recebidas, bem como as sondagens à boca das urnas e as contagens rápidas, mostravam que González tinha uma vantagem de 40 pontos percentuais sobre o actual presidente.

Os partidos da oposição uniram-se em apoio de González numa tentativa de destituir o presidente Maduro, após 11 anos no poder.

A oposição enviou milhares de testemunhas às assembleias de voto de todo o país para poder anunciar a sua própria contagem de votos.

No entanto, uma porta-voz da coligação anuncia que estas testemunhas foram “forçadas a abandonar” muitas assembleias de voto.

EUA e potencias regionais desconfiados dos resultados

As dúvidas em relação à fiabilidade dos resultados alargaram-se a alguns países da comunidade internacional. Nos Estados Unidos da América, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, foi um dos que manifestou desconfiança depois de o resultado ter sido anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral, um órgão dominado por apoiantes do chavismo.

Afirmou que os EUA têm “sérias preocupações de que o resultado declarado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano”.

Na América Latina, o presidente chileno, Gabriel Boric, também pensa que o resultado é “difícil de acreditar”.

Boric exigiu “ total transparência das atas e do processo, e que os observadores internacionais não comprometidos com o governo prestem contas pela veracidade dos resultados”.

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, declarou que já achava que Maduro iria “‘ganhar’ independentemente dos resultados reais”.

Também a Colômbia, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luis Gilberto Murillo, insistiu na necessidade de esclarecer “qualquer dúvida possível”. “Apelamos a que, o mais rapidamente possível, se proceda à contagem total dos votos, à sua verificação e auditoria independente”, acrescentou.

China e países socialistas aos lado de Maduro

Mas não foram só críticas que Maduro ouviu no pós-eleições. A China felicitou-o, esta segunda-feira, pela sua reeleição.

"A China felicita a Venezuela por realizar sem problemas as eleições presidenciais e felicita o presidente Maduro pela sua reeleição bem sucedida", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, num briefing regular.

"A China está pronta para enriquecer a parceria estratégica e beneficiar melhor os povos de ambos os países", disse.O Irão também felicitou Maduro.

Por seu lado, o presidente cubano, Miguel Diaz-Canel, disse que “a dignidade e a bravura do povo venezuelano triunfaram sobre a pressão e a manipulação”.

Maduro descreveu o resultado como “um triunfo da paz e da estabilidade” para os apoiantes em Caracas.

Elogiou o sistema eleitoral venezuelano, descrevendo-o como transparente, e ironizou a oposição, que, segundo ele, “clama fraude” em todas as eleições.

O líder de esquerda da Bolívia, Luis Arce, também celebrou o resultado de uma eleição realizada no que terá sido o 70º aniversário de Chávez. “Que excelente forma de lembrar o Comandante Hugo Chávez”, escreveu.

Já o Governo da Nicarágua divulgou uma carta enviada pelo Presidente Daniel Ortega e pela Vice-Presidente Rosario Murillo na qual saúdam a "grande vitória que este heroico povo entrega ao eterno comandante, no seu aniversário".

Na mesma linha vai a mensagem do Governo das Honduras que escreve: “Saudações democráticas e felicitações especiais ao Presidente Maduro e ao corajoso povo da Venezuela pela sua vitória incontestável”.

União Europeia pede “transparência máxima”

A União Europeia não irá reconhecer os resultados das eleições presidenciais da Venezuela até que os registos sejam tornados públicos e verificados por entidades independentes, anunciou, esta segunda-feira, Josep Borrell.

Em comunicado, o chefe da diplomacia da União Europeia apelou à "total transparência do processo eleitoral" na Venezuela.

Borrell disse também existirem relatos credíveis de interferência, irregularidades, problemas no registo de eleitores e cobertura noticiosa tendenciosa.

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