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Alemanha lança mandado de captura contra ucraniano suspeito de sabotagem do Nord Stream

14 ago, 2024 - 17:36 • João Pedro Quesado

Polémicos gasodutos forneciam gás russo diretamente à Alemanha. Explosões deram origem a um jogo de passa-culpas entre a Rússia e vários países. Suspeito terá fugido da Polónia.

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A Alemanha emitiu um mandado de captura internacional contra um ucraniano suspeito de ter sido o autor das explosões nos dois gasodutos Nord Stream, no mar Báltico. Uma investigação de três órgãos de comunicação social alemães aponta para a existência de dois outros ucranianos suspeitos da sabotagem dos gasodutos no final de setembro de 2022.

Segundo a investigação da "ARD", "Süddeutsche Zeitung" e "Die Zeit", o suspeito é "Volodymyr Z.", visto pela última vez na Polónia. O jornal "Politico" indica que o apelido é "Zhuravlev", natural de Kiev e instrutor de mergulho. Não haverá ligações diretas ao Estado ucraniano, quer às forças armadas ou aos serviços secretos.

Segundo a reportagem do "Tagesschau", da "ARD", o mandado de captura internacional contra o suspeito foi emitido no início de junho deste ano. A procuradoria-geral da Polónia confirmou a receção do mandado.

Os investigadores alemães, que já tinham admitido ligações das explosões à Ucrânia, acreditam que a última morada de "Volodymyr Z." foi numa cidade a oeste de Varsóvia, na Polónia, e que o ucraniano terá desaparecido entretanto, não sendo claro se regressou à Ucrânia.

Segundo as autoridades polacas, o suspeito conseguiu sair da Polónia porque as autoridades alemãs não inseriram o mandado no registo do Espaço Schengen - a área de 27 países europeus, incluindo alguns foram da União Europeia, onde não há controlos nas fronteiras internas. A Ucrânia não faz parte do Espaço Schengen, o que significa que, se o suspeito voltou mesmo ao país de origem, teve que passar pelo controlo de fronteiras com a Polónia.

As autoridades alemãs consideram que os cidadãos ucranianos alugaram um iate chamado "Andrómeda", com os mergulhadores a navegar até aos gasodutos na região perto da ilha dinamarquesa de Bornholm para instalar os explosivos.

A 26 de setembro de 2022, três dos quatro canais dos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2 foram afetados por explosões a uma profundidade de 80 metros, seguidas de fugas de gás que se tornaram visíveis à superfície do mar Báltico. Nenhum dos gasodutos estava a transportar gás na altura, com a Rússia a cortar o fornecimento em resposta às sanções da União Europeia pela invasão da Ucrânia.

O primeiro gasoduto Nord Stream foi inaugurado em 2011. O segundo gasoduto estava pronto a entrar em serviço desde setembro de 2021, mas a Alemanha foi impedindo o início da utilização e, dois dias antes da invasão russa da Ucrânia, o chanceler Olaf Scholz suspendeu a certificação da estrutura por a Rússia reconhecer a anexar os territórios ocupados nas províncias ucranianas de Donetsk e Luhansk.

Os gasodutos foram um projeto controverso. Os Estados Unidos da América estiveram sempre contra os gasodutos, tanto na administração de George W. Bush como de Barack Obama, juntamente com a Ucrânia, Polónia, Estónia, Letónia e Lituânia. O segundo gasoduto, cuja construção começou em 2018, quatro anos depois da anexação ilegal da península da Crimeia pela Rússia, foi o mais controverso, com nove países europeus de Leste a escrever uma carta contra o projeto à Comissão Europeia.

As explosões espoletaram uma série de acusações entre vários países sobre a sabotagem dos gasodutos, que chegou a ser considerada uma operação russa criada para culpar a Ucrânia. Em 2023, o "The Washington Post" divulgou que os EUA tinham informações que a Ucrânia estava a planear atacar os gasodutos três meses antes das explosões acontecerem.

Este ano, tanto a Dinamarca como a Suécia encerraram as investigações ao caso. Enquanto a Suécia concluiu que "a jurisdição sueca não se aplica", a Dinamarca não encontrou "base suficiente para prosseguir com um processo criminal".

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