20 ago, 2024 - 14:38 • Lusa
O grupo islamita palestiniano Hamas qualificou hoje como "um golpe" a última proposta de trégua na Faixa de Gaza, aceite por Israel, afirmando que não contempla um cessar-fogo total e a retirada do exército israelita do enclave.
"O que foi recentemente apresentado ao movimento constitui um golpe contra o que as partes alcançaram a 2 de julho, com base na própria declaração de [Joe] Biden de 31 de maio e na Resolução 2735 do Conselho de Segurança de 11 de junho, e é considerado uma resposta e aquiescência dos EUA às novas condições do terrorista [primeiro-ministro israelita] Netanyahu", disse hoje o grupo num comunicado.
O movimento islamita referia-se ao plano de paz apresentado pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, em maio, que o Hamas aceitou.
O Hamas também qualificou de "enganosa" a declaração do chefe de Estado dos EUA, na noite passada, segundo a qual o grupo está a "afastar-se" da possibilidade de chegar a um acordo.
Estas "alegações enganosas [de Biden] não refletem a verdadeira posição do movimento, que é a de chegar a um acordo de cessar-fogo", afirmou o Hamas, frisando mesmo estar "ansioso" por acabar com a agressão israelita.
Nas mesmas declarações, Biden disse que o Hamas está a "recuar" nas negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, mas considerou que um acordo "ainda é possível".
"Israel diz que o pode fazer [aceitar o acordo]", acrescentou o Presidente norte-americano.
No comunicado de hoje, o Hamas denunciou uma "luz verde americana ao governo sionista extremista para cometer mais crimes contra civis", numa referência ao executivo israelita, liderado por Benjamin Netanyahu.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, está hoje no Egito para procurar a aprovação do Hamas ao plano de cessar-fogo, que o primeiro-ministro israelita aceitou na segunda-feira, após um encontro com o responsável dos Estados Unidos.
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo radical palestiniano em solo israelita, a 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos (segundo o ministério da Saúde de Gaza), na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.