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Partido Democrata

Noite dos Obamas na convenção democrata marcada por chegada dos aliados republicanos

20 ago, 2024 - 23:00 • João Pedro Quesado

Segunda parte do congresso de entronização de Kamala Harris é dedicada à "visão arrojada para o futuro da América". Bernie Sanders e o marido de Kamala Harris vão ajudar Barack e Michelle Obama a montar essa narrativa.

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Barack Obama e Michelle Obama são as estrelas da segunda noite da Convenção Nacional Democrata que está a entronizar Kamala Harris como candidata à Casa Branca nas eleições presidenciais de 2024 e líder do Partido Democrata, mas parte da estratégia eleitoral da vice-presidente dos Estados Unidos da América (EUA) é demonstrada pelo convite a republicanos para fazer discursos em horário nobre - dois vão fazê-lo já esta madrugada, enquanto outros três vão falar nos restantes dois dias do congresso partidário.

O horário oficial da segunda noite da convenção coloca o republicano John Giles, presidente do município de Mesa, no estado decisivo do Arizona, a falar em pleno horário nobre, depois das 21 horas locais (2h da manhã em Portugal continental). Giles declarou, no final de julho, que apoia a candidatura de Kamala Harris, e é co-líder da representação local da organização "Republicanos por Harris".

Antes, por volta da meia-noite de Portugal continental, há um discurso da ex-porta-voz e diretora de comunicações da Casa Branca de Donald Trump, entre julho de 2019 e abril de 2020, Stephanie Grisham. Grisham, que foi porta-voz de Melania Trump em dois períodos separados (de 2017 a 2019 e de 2020 a 2021), demitiu-se desse cargo na noite de 6 de janeiro de 2021, depois do ataque dos apoiantes de Trump ao Capitólio para tentar impedir a certificação da eleição presidencial de 2020, que Joe Biden venceu.

Stephanie Grisham, que vai falar aos democratas depois de um ex-eleitor de Donald Trump, foi uma das personalidades republicanas a testemunhar na comissão de inquérito da Câmara dos Representantes ao ataque ao Capitólio, declarando que Trump tinha realizado reuniões secretas na residência na Casa Branca e que os Serviços Secretos tinham informações das intenções do então Presidente de marchar sobre o edificio do Congresso dos EUA.

O desfile de republicanos desiludidos com Donald Trump não deve ficar por aqui. Segundo a comunicação social norte-americana, Geoff Duncan, o ex-vice-governador da Geórgia - outro estado decisivo nas eleições presidenciais - também vai discursar na convenção, numa das últimas duas noites do evento. Tal como John Giles, Duncan também já declarou o apoio a Kamala Harris, depois de ter sido um dos republicanos a combater as mentiras de Trump sobre a eleição de 2020.

A lista de aliados republicanos também inclui o ex-deputado Adam Kinzinger, que participou na comissão de inquérito ao ataque ao Capitólio e vai discursar quinta-feira, a última noite do evento, antes de Kamala Harris falar aos democratas. Na rede social X (antigo Twitter), Kinzinger anunciou o discurso declarando que "o verdadeiro conservadorismo foi substituído por um culto".

Outra republicana a apoiar Kamala Harris é Olivia Troye, ex-funcionária de segurança nacional na administração Trump, que participou num evento de campanha da vice-presidente no Michigan poucos dias depois da desistência de Joe Biden. Nomes mais famosos, como Liz Cheney (filha do ex-vice-presidente Dick Cheney e ex-deputada na Câmara dos Representantes), não devem participar no evento, apesar de apontarem o perigo de um segundo mandato de Trump.

Barack e Michelle Obama regressam a casa: Chicago

Depois de uma chamada em alta voz gravada para as redes sociais para declarar apoio a Kamala Harris, o ex-Presidente Barack Obama vai agora fazê-lo em horário nobre na costa leste dos EUA (3h da manhã em Portugal continental) - se os atrasos da primeira noite da convenção não se repetirem.

Fora da Casa Branca desde janeiro de 2017, Barack Obama mantém um considerável legado na política americana, principalmente através da expansão dos cuidados médicos através da lei conhecida como Obamacare. O ex-Presidente, que fez história por ser o primeiro homem negro eleito para o mais alto cargo público dos EUA, continua a ser um dos democratas mais populares do país, à frente de Harris e de Joe Biden.

Segundo a Reuters, Barack Obama vai focar o discurso em temas que acredita serem capazes de levar Kamala Harris à vitória, ao mesmo tempo que avisa os democratas para o árduo trabalho que enfrentam nas próximas 11 semanas de campanha - algo sublinhado por Hillary Clinton na primeira noite, quando apontou que nada está garantido.

Kamala Harris e Michelle Obama têm uma relação próxima desde o final de 2007, altura em que Harris era procuradora na região de São Francisco, na Califórnia, e apoiou cedo a candidatura presidencial de Obama numa altura em que Hillary Clinton era a favorita e todas as outras candidaturas eram consideradas uma perda de tempo.

Ainda mais popular que o marido, Michelle Obama vai falar antes de Barack, num discurso que deverá ser uma continuação do tema representado pela frase que marcou o discurso na convenção democrata de 2016: "quando eles jogam baixos, nós elevamos o tom" ("When they go low, we go high", em inglês).

Segundo a "CNN", a campanha de Kamala Harris acredita que os argumentos de Michelle Obama vão ter mais repercussões junto do eleitorado que os de Barack Obama.

Outro discurso importante vai ser o de Doug Emhoff, marido de Kamala Harris. Com uma música inicial escolhida a dedo para agradecer a Joe Biden, é esperado que Emhoff se apoie nas suas raízes judaicas e descreve Kamala como uma "guerreira alegre" - uma frase já usada na campanha democrata.

"Amo-te e estou tão orgulhoso de como estás a avançar por todos nós", pode ler-se num excerto do discurso publicado pela "CNN", em que Doug Emhoff acrescenta que "seja quando for que ela é necessária, onde quer que seja que é necessária, a Kamala está à altura da ocasião".

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