25 ago, 2024 - 19:19 • Lusa
A procuradoria alemã assumiu este domingo que o suspeito de um ataque com uma faca em Solinbgen, no oeste da Alemanha, pertence a um grupo terrorista, enquanto a organização Estado Islâmico (EI) reivindicou a responsabilidade pelo crime.
O cidadão sírio de 26 anos, alegado autor do ataque, que se entregou à polícia no sábado à noite, por assassínio e tentativa de homicídio, relatou "fortes suspeitas de pertencer a um grupo terrorista no estrangeiro", declarou o Ministério Público Federal em Karlsruhe (oeste) em comunicado de imprensa.
O juiz de instrução do Tribunal Federal alemão ordenou a prisão do alegado autor do ataque com uma faca que fez três mortos e oito feridos na sexta-feira em Solingen.
De acordo com o comunicado da Procuradoria-Geral, o detido, de nacionalidade síria, é acusado de homicídio em três casos e de tentativa de homicídio noutros oito, bem como de pertencer a uma organização terrorista estrangeira.
Segundo a nota, os investigadores assumem que Issa Al H., o suspeito, partilha a ideologia islâmica radical do EI e que por isso tomou a decisão de "matar o maior número possível de pessoas que, do seu ponto de vista, eram infiéis".
Jornais avançam que o suspeito de assassinar três (...)
Por esta razão, no festival municipal de Solingen "esfaqueou os visitantes do festival com uma faca nas costas, repetidamente e visando o pescoço e o tronco", defendeu o Ministério Público.
Depois de matar três pessoas e deixar outras quatro em estado crítico, o suspeito -- que até então não era conhecido por tendências islamitas -- fugiu no meio da confusão.
O ataque deu início a uma corrida contra o relógio das autoridades que duraria cerca de 24 horas, até que Al H. fez sinal a um carro da polícia e disse aos agentes, com as roupas ainda manchadas de sangue: "Sou eu que vocês procuram", segundo os meios de comunicação social.
Acredita-se que depois de se livrar da arma do crime, uma faca de cozinha do centro de refugiados onde vivia, o alegado agressor tenha permanecido escondido num pátio interior próximo do local do ataque, no centro de Solingen.
Possível ato de terrorismo
O presumível autor das agressões ainda está em fug(...)
Durante o sábado, a polícia deteve dois indivíduos -- um deles, um adolescente de 15 anos -- mas nenhum deles se revelou ser o suspeito.
Segundo os meios de comunicação social, Al H. é originário da cidade síria de Deir ez-Zor, situada no leste do país e que permaneceu sob o controlo do EI durante três anos até à sua libertação em 2017.
Em 2022 o suspeito chegou à Alemanha, mas foi decidido deportá-lo para a Bulgária, que foi responsável pelo processamento do seu pedido de asilo por ser o país de entrada na União Europeia, segundo fontes citadas pelos meios de comunicação alemães.
No entanto, Al H. conseguiu escapar às autoridades até à ordem de deportação expirar e obteve depois uma autorização de residência temporária, uma vez que foi reconhecido o seu direito à proteção subsidiária como cidadão sírio.
Os acontecimentos ocorreram na sexta-feira, no cen(...)
O EI assumiu a responsabilidade pelo ataque em Solingen, no sábado, dizendo que foi executado por "um dos seus soldados" como vingança "pelos muçulmanos na Palestina e em todo o lado", mas não forneceu provas do seu envolvimento no atentado.
Segundo especialistas em terrorismo, este é o primeiro ataque reivindicado pelo EI em solo alemão desde 2016, quando 13 pessoas morreram depois do embate de um camião num mercado de Natal, embora as autoridades ainda estejam a analisar a veracidade das alegações de envolvimento do grupo terrorista neste caso.
O ataque fez renascer o debate sobre as medidas de segurança na Alemanha, uma semana antes das eleições regionais em vários estados federais do leste do país, nas quais a extrema-direita é favorita.
Polícia está a tratar o caso como um ato terrorist(...)
A ministra do Interior, a social-democrata Nancy Faeser, há muito que defende a proibição de facas na via pública, uma proposta à qual os parceiros da coligação liberal aderiram na sequência do ataque.
"Devemos endurecer a lei sobre as armas", declarou hoje o vice-chanceler e ministro da Economia, Robert Habeck, apontando que o terrorismo islâmico "põe em risco" o modo de vida no país.
"O problema não são as facas, mas sim as pessoas que andam com elas", criticou por sua vez o líder da oposição democrata-cristã, Friedrich Merz, que apelou para o fim total do acolhimento de refugiados da Síria e do Afeganistão.
Por outro lado, a colíder do Partido Social Democrata (SPD) do chanceler alemão, Olaf Scholz, manifestou-se a favor de começar a deportar criminosos condenados e extremistas islâmicos para a Síria e o Afeganistão, uma medida difícil de implementar legalmente e que a oposição conservadora há muito exige.