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​Excesso de turismo

"Limitado e cronometrado". Roma quer impor regras para aceder à Fonte de Trevi

05 set, 2024 - 21:51 • Miguel Marques Ribeiro

A medida surge num momento em que o debate sobre os impactos do turismo excessivo se intensificou um pouco por toda a Europa.

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A Fonte de Trevi é um dos locais turísticos mais procurados em Roma, atraindo diariamente milhares de turistas, sobretudo no pico do verão.

No entanto, o excesso de visitantes está a pôr em água a cabeça dos responsáveis da capital italiana e, dizem os especialistas, a colocar em perigo a integridade da obra-prima do barroco tardio, bem como a segurança dos turistas.

“Os polícias locais dizem-nos isto a toda a hora: há uma concentração de pessoas que dificulta a proteção adequada do monumento e é também, muitas vezes, causa de degradação”, afirma o presidente da Câmara de Roma, Roberto Gualtieri.

O monumento é especialmente procurado pelos visitantes para tirar selfies e garantir uma viagem de regresso à "Cidade Eterna" deitando uma moeda para dentro do tanque, como manda a tradição.

Há uma concentração de pessoas que dificulta a proteção adequada do monumento e é também, muitas vezes, causa de degradação - vereador do Turismo, de Roma

As autoridades estão assim a equacionar novas regras para o acesso ao local. “Pessoalmente, seria favorável à procura de uma nova forma de acesso, limitado e cronometrado”, disse Alessandro Onorato, vereador responsável pelo turismo, ao jornal Corriere della Sera.

Em cima da mesa está um plano para que os turistas tenham de reservar com antecedência uma vaga, pagando um valor simbólico de um ou dois euros.

O objetivo, asseguram os responsáveis, não é angariar dinheiro, até porque a tradição de atirar a moeda para a fonte representa um ‘encaixe’ para as instituições de solidariedade da cidade de mais de um milhão de euros todos os anos.

No entanto, não fica claro como é que será possível condicionar o acesso à famosa fonte já que esta está localizada numa praça onde desembocam diversos arruamentos.

Protestos, restrições e taxas de acesso. Cidades europeias tentam gerir o fluxo de turistas

A iniciativa surge num momento em que o debate sobre os impactos do turismo excessivo se intensificou um pouco por toda a Europa.

Em Barcelona, milhares de pessoas saíram à rua a pedir uma redução de visitantes. Ainda que numa escala mais pequena, também os habitantes de Sintra protestaram este verão contra o "turismo de massas e caos no trânsito".

Em muitos casos, e não só na Europa, as autoridades tentam gerir o fenómeno pela imposição de taxas de acesso ou restrições de entrada.

Na Grécia, foi implementado um sistema de intervalos de tempo para o acesso à Acrópole, replicando uma estratégia já em vigor na basílica da Sagrada Família, em Barcelona.

Em Veneza, cidade que é desde há muitos anos um exemplo de turismo excessivo no continente europeu, as autoridades locais criaram uma taxa de entrada para os visitantes.

No caso de Roma, a eventual aplicação de novas regras para a regulação do turismo assume uma importância reforçada numa altura em que se aproxima a comemoração do Jubileu 2025, um evento católico que vai ter a duração de um ano e que deverá atrair mais de 30 milhões de turistas e peregrinos à cidade.

Esta não é a primeira vez que as autoridades romanas são obrigadas a intervir para proteger a Fonte de Trevi dos turistas.

Em 2017, foi necessário impor multas por mau comportamento, por causa dos turistas que entravam na fonte para imitar a famosa cena protagonizada por Anita Ekberg no filme La Dolce Vita, de 1960, o filme de Fellini filmado em Roma (cena de que também faz parte por um atónito Marcello Mastroianni).

Um ano depois, uma briga de oito pessoas estalou no meio do monumento, por causa de uma disputa pelo local perfeito para captar uma selfie.


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