Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Paris. Milhares de manifestantes de esquerda contestam Macron

07 set, 2024 - 19:58 • Lusa

Após dois meses das eleições legislativas, Macron nomeou na quinta-feira o conservador Michel Barnier, de 73 anos, como primeiro-ministro.

A+ / A-
Paris. Milhares de manifestantes de esquerda contestam Macron. Foto: Yoan Valat/EPA
Paris. Milhares de manifestantes de esquerda contestam Macron. Foto: Yoan Valat/EPA
Paris. Milhares de manifestantes de esquerda contestam Macron. Foto: Yoan Valat/EPA
Paris. Milhares de manifestantes de esquerda contestam Macron. Foto: Yoan Valat/EPA
Paris. Milhares de manifestantes de esquerda contestam Macron. Foto: Yoan Valat/EPA
Paris. Milhares de manifestantes de esquerda contestam Macron. Foto: Yoan Valat/EPA
Paris. Milhares de manifestantes de esquerda contestam Macron. Foto: Yoan Valat/EPA
Paris. Milhares de manifestantes de esquerda contestam Macron. Foto: Yoan Valat/EPA
Paris. Milhares de manifestantes de esquerda contestam Macron. Foto: Yoan Valat/EPA
Paris. Milhares de manifestantes de esquerda contestam Macron. Foto: Yoan Valat/EPA

Milhares de pessoas juntaram-se este sábado em Paris numa manifestação convocada por partidos de esquerda e sindicatos contra o Presidente francês, Emmanuel Macron, e à sua escolha para primeiro-ministro, com receio de um governo de extrema-direita.

Após dois meses das eleições legislativas, o partido França Insubmissa (LFI), membro da coligação Nova Frente Popular (NFP), que elegeu o maior número de deputados sem uma maioria absoluta, convocou por toda a França uma mobilização pelo "golpe de força" de Macron, que nomeou na quinta-feira o conservador Michel Barnier, de 73 anos, como primeiro-ministro.

"Estou aqui hoje porque estou extremamente chocada com o abuso de poder e a traição de Macron, não é a única, mas é a pior que ele desencadeou no legislativo num momento perigoso, em que a extrema-direita União Nacional (RN) estava no seu nível mais elevado", disse à Lusa Bernardette, de 60 anos.

O desfile, que começou na Place de la Bastille às 14h00 horas (13h00 de Lisboa) e partiu devagar pelas ruas em direção a Nation (a cerca de dois quilómetros), teve como objetivo mostrar que "as pessoas não se vão deixar enganar" e estão "em desacordo com o abuso de poder de Macron", segundo Bernardette.

A NFP exigiu que Macron devia nomear como chefe de governo a sua candidata Lucie Castets, mas o Presidente francês recusou-se, decidindo nomear Barnie, membro do partido de direita Republicanos, que obteve 6% dos votos nas eleições, que poderá não ser censurado pela extrema-direita União Nacional (RN) de Marine Le Pen.

Para Bernardette, esta nomeação mostra a aproximação de Macron com a extrema-direita, porque "a política que vai ser seguida não é a política em que o povo votou, mas a política de extrema-direita, que será tanto a de Macron como a que Marine Le Pen aceitará".

Também o líder da LFI, Jean-Luc Mélenchon, esteve presente na manifestação onde afirmou que esta será "uma batalha e uma luta que durará muito tempo" e que será apresentada uma moção de censura contra Barnier, assim que as sessões parlamentares começarem, o que poderá não acontecer antes de outubro.

Muitos manifestantes traziam cartazes com frases como "Democracia?", "Revolução, Macron, tu quebras as urnas", "Frente popular" e "Ainda bem que votámos", foi o caso de Magali e Jean-Marc, de 45 e 65 anos respetivamente, que acompanhados das suas duas filhas menores seguravam dois cartazes que mostravam o seu desagrado com a situação do país.

"A situação não é boa, não é normal o que está a acontecer. O Presidente fez algo que não é democrático, não respeita as pessoas e isto é um cálculo político, ele quer ficar no poder", afirmaram à Lusa.

Macron "não é capaz de ouvir, ele nunca ouviu pessoas na rua (...) então não é hoje que ele vai ouvir, mas é importante que haja muitas pessoas na rua para mostrar isso ao mundo inteiro", referiram.

Relativamente ao futuro do país, o casal acredita que "a esquerda vai ganhar em breve", tendo esperança que haja um enfraquecimento da extrema-direita, mas por agora haverá "realmente um problema com uma política de direita muito dura, muito próxima da extrema-direita".

Os manifestantes fizeram-se acompanhar de música, principalmente vindo de um grupo de emigrantes que afirmava que "a sua arma é a solidariedade", mostrando-se contra o que chamou racismo e fascismo da extrema-direita.

"Estou aqui para manifestar o meu desacordo, porque é como se tivéssemos votado por nada" devido à escolha de Macron, afirmou à Lusa Ali, marroquino de 70 anos.

Ali, que vive e trabalha na França há 50 anos, saiu à rua para "defender a democracia que hoje está em perigo na França", descrevendo-se como um "homem de esquerda", que acha que o futuro passará pela extinção dos partidos de esquerda pelas suas divisões, inclusive no apelo a manifestações.

"Há um falso princípio democrático essencial: a esquerda chegou à frente nas eleições legislativas após a dissolução [do parlamento] que foi feita por Macron", disse à Lusa Raphaël Huot, de 20 anos, referindo que não vão ter "o primeiro-ministro que gostaríamos".

Já para Nawel Sehili, também de 20 anos, existe uma reviravolta, já que Macron "faz abertamente uma aliança com a extrema-direita (RN) e, por isso, há poucas chances de [Michel Barnier] ser censurado", mas os franceses tentam "manter a esperança no futuro".

A manifestação contou ainda com um grande aparato policial espalhado pelas ruas da capital francesa, principalmente no ponto de chegada em Nation, mas sem desacatos ou violência.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+