24 set, 2024 - 15:25 • Daniela Espírito Santo
O atual Presidente dos EUA, Joe Biden, fez esta terça-feira o seu último discurso na ONU. Na sua mensagem à assembleia geral, diz que "o mundo não pode esquecer os horrores de 7 de outubro" em Israel e defende ainda acreditar numa solução diplomática para garantir um cessar-fogo na Faixa de Gaza e o aliviar do sofrimento no Médio Oriente.
"Os civis estão a passar pelo inferno. Ninguém pediu esta guerra que o Hamas começou. Mas agora é o tempo de finalizar os termos do cessar-fogo e retornar os reféns a casa", diz. "Vamos pôr um fim a esta guerra", pede Joe Biden. "A via diplomática ainda é possível", assegura, mesmo com o "envolvimento do Hezbollah praticamente um ano depois".
"Fazer progressos em direção à paz coloca-nos numa posição mais forte", adianta, depois de receber os aplausos de muitos presentes ao mencionar o seu desejo de ver um Estado palestiniano próspero e pacífico no horizonte. Passando em revista as longas décadas de trabalho na política, durante as quais viu muitos conflitos e violência, assegura que "há sempre maneira" de voltar à paz.
"Mesmo no coração da guerra há sempre um caminho em frente. As coisas podem melhorar", admite, pedindo aos líderes para darem o exemplo e não reagirem com desespero. "Como líderes não nos podemos dar ao luxo de o fazer", defende, mencionando os conflitos em Gaza, na Ucrânia, Sudão, mas também a fome, a crise climática, democrática e o terrorismo como "grandes desafios" a enfrentar como sociedade.
"As pessoas precisam mais do que somente a ausência de guerra. As pessoas também precisam de ter uma oportunidade de viver com dignidade", declarou, pedindo o fim da crise humanitária no Sudão. "Ponham fim a esta guerra agora", exclamou.
Num longo discurso, também deixou avisos para o futuro, um futuro moldado pela "inteligência artificial", que "vai mudar a nossa vida". "A inteligência artificial traz inúmeros riscos", alerta o Presidente dos EUA, podendo mesmo ser "o maior teste" para quem lidera, mas há espaço para a "esperança". "Eu sei que há um caminho em frente", reitera, usando a sua experiência para traçar um resumo das últimas décadas da Humanidade e antever o futuro de forma positiva, usando o "ataque à pandemia" como exemplo de cooperação entre nações.
"Mas existem, de facto, forças que querem fazer com que os países se afastem e caminhem sozinhos. A nossa tarefa é garantir que os nossos esforços conjuntos são maiores do que aqueles que nos querem dividir", diz, defendendo o espírito de parceria da ONU neste "ponto de viragem da História" que vivemos.
"Estamos aqui unidos, firmes contra a opressão. Vamos por fim aos conflitos. Vamos enfrentar os principais desafios globais e planear agora para os próximos riscos e oportunidades das tecnologias revolucionárias", acrescenta Biden, apontando o caso ucraniano como uma "boa notícia", resultado da união da ONU.
"Podíamos simplesmente ter só protestado, mas apoiamos os nossos aliados. E, mais importante: o povo ucraniano levantou-se e lutou. E a boa notícia é: a guerra de Putin falhou e o seu objetivo principal também. Ele queria destruir a Ucrânia, mas a Ucrânia é livre", assegura, reunindo aplausos.
Já no final do discurso, falou sobre a sua "difícil decisão" de abandonar a corrida pela Casa Branca. "Ser Presidente dos EUA é a maior honra da minha vida mas, embora adore este emprego, amo muito mais o meu país".
"Depois de cinquenta anos de serviço público sinto que é altura de termos líderes de outra geração. Algumas coisas são mais importantes do que permanecermos no poder. Estamos aqui para servir o povo e não o contrário", remata.
[Notícia atualizada às 16h15 de 24 de setembro de 2024 para acrescentar mais partes do discurso]