24 set, 2024 - 00:34 • Reuters
A Rússia gerou mais conteúdo produzido por inteligência artificial (IA) para influenciar a eleição presidencial dos Estados Unidos da América (EUA) do que qualquer outra potência estrangeira, como parte de um esforço alargado para impulsionar o candidato republicano Donald Trump sobre a democrata Kamala Harris, segundo fonte dos serviços de informação dos EUA.
Um funcionário do gabinete da Diretora Nacional de Informações (DNI), revelou a jornalistas, sob condição de anonimato, o suposto uso de IA pela Rússia e outros países para influenciar a eleição de 5 de novembro, para o qual já começou a votação antecipada em alguns estados.
O conteúdo de IA produzido por Moscovo é "consistente com os esforços mais amplos da Rússia para impulsionar a candidatura do ex-presidente (Trump) e denegrir o vice-presidente (Harris) e o Partido Democrata, inclusive por meio de narrativas conspiratórias", disse ele.
A embaixada russa em Washington não respondeu imediatamente a um pedido de reação. A Rússia já negou ter interferido nas eleições dos EUA.
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Como outras formas de inteligência artificial, a IA generativa aprende como realizar ações, através de dados passados. Usando esse treino, ela cria novos conteúdos como texto, imagens e vídeos que parecem ter sido produzidos por humanos.
O funcionário do DNI disse que a Rússia está a gerar mais conteúdo de IA para influenciar as eleições de novembro do que qualquer outro país, mas não especificou o volume desse conteúdo.
A mesma fonte disse que a Rússia é um ator muito mais sofisticado e tem uma melhor compreensão de como as eleições dos EUA funcionam e de metas apropriadas.
Questionado sobre como a Rússia está a disseminar conteúdo produzido por inteligência artificial, a fonte destacou um anúncio do Departamento de Justiça em 9 de julho sobre a interrupção de uma suposta operação apoiada por Moscovo, que usava contas de redes sociais aprimoradas por IA para espalhar mensagens pró-Kremlin nos EUA e em outros países.
O funcionário disse que "atores de influência russos" encenaram um vídeo amplamente divulgado, no qual uma mulher alegou ter sido vítima de um acidente de carro, com atropelamento e fuga, provocado por Kamala Harris. O vídeo, no entanto, foi encenado em vez de produzido por IA, disse o funcionário. A Microsoft disse, na semana passada, que a investigação da empresa mostrou que o vídeo era o produto de uma operação secreta de desinformação russa.
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A China tem usado conteúdo de IA na tentativa de influenciar como o país é percebido no mundo todo, mas não para influenciar o resultado das eleições nos EUA, afirmou a mesma fonte.
"A China está a usar IA em operações de influência mais amplas, procurando moldar visões globais da China e amplificar questões políticas divisivas dos EUA", disse o responsável, esclarecendo que "ainda não estamos a ver a China usar IA para nenhuma operação específica que vise resultados eleitorais dos EUA".
Agentes influentes iranianos usaram IA para ajudar a gerar publicações nas redes sociais e "escrever artigos de notícias falsos para sites que afirmam ser sites de notícias reais", disse ainda a fonte do gabinete da Diretora Nacional de Informações dos EUA.
O conteúdo criado pelos agentes iranianos está em inglês e espanhol. O alvo são eleitores americanos "em todo o espectro político em questões polarizadoras", como Israel e o conflito em Gaza, e nos candidatos presidenciais.
A missão iraniana nas Nações Unidas não respondeu imediatamente a um pedido de reação da Reuters. O Irão negou anteriormente ter interferido nas eleições dos EUA.