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Palestina

Israel enviou 88 corpos para Gaza sem dizer quem são e onde foram mortos

25 set, 2024 - 22:48 • João Pedro Quesado com Reuters

Os corpos foram enviados num contentor. O camião que o transportava foi obrigado a regressar à fronteira, e as autoridades de saúde pediram à Cruz Vermelha para pressionar Israel a divulgar as informações em falta.

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Israel enviou, esta quarta-feira, os corpos de 88 palestinianos mortos nos ataques na Faixa de Gaza, mas não os identificou nem disse onde estas pessoas foram mortas. O ministério da Saúde do território recusou enterrar os corpos antes de Israel partilhar essas informações.

Os corpos foram levados para a Faixa de Gaza num contentor de carga, transportado por um camião através de um posto de controlo fronteiriço controlado por Israel. Contudo, de acordo com responsáveis palestinianos, não existia informação sobre os nomes e idades das vítimas, nem sobre as localidades onde morreram.

As autoridades de saúde no hospital Nasser, em Khan Younis, recusaram receber os corpos e enterrá-los, pedindo ao Comité Internacional da Cruz Vermelha para obter detalhes junto de Israel.

"O Ministério da Saúde interrompeu os procedimentos para receber o contentor até obter os dados e informação completa sobre estes corpos, para que os familiares possam identificá-los", declarou o Ministério em comunicado.

O diretor do gabinete de comunicação do governo de Gaza, controlado pelo Hamas, disse que as autoridades de saúde disseram ao condutor do camião para levar os corpos dos palestinianos mortos de volta para o posto de controlo fronteiriço que Israel usou para os devolver à Faixa de Gaza. O camião deixou o hospital.

"Eles têm que agir de acordo com a lei humanitária internacional e de uma forma que preserva a dignidade dos mártires e das suas famílias", disse Ismail Al-Thawabta à Reuters.

A Cruz Vermelha afirmou não ter estado envolvida no processo de transferência dos corpos. "Reiteramos que todas as famílias têm o direito de receber notícias sobre os seus entes queridos e enterrá-los de forma respeitosa e alinhada com as suas traduções", declarou o Comité Internacional da organização.

Segundo a lei humanitária internacional, os mortos durante conflitos armados devem ser tratados com dignidade. A lei obriga a que sejam procurados, recolhidos e evacuados, o que ajuda a assegurar que não há desaparecimentos, acrescentou a Cruz Vermelha.

O serviço de emergência civil em Gaza, que está encarregue de encontrar pessoas desaparecidas debaixo de destroços e em estradas, diz que foi avisado para cerca de 10 mil pessoas desaparecidas durante os quase 12 meses de ataques de Israel no território.

As autoridades de saúde da Faixa de Gaza contam mais de 41 mil palestinianos mortos desde o início dos ataques, a resposta de Israel ao ataque do Hamas a localidades israelitas a 7 de outubro - em que quase 1.200 pessoas morreram e 250 foram capturadas e levadas pelo Hamas como reféns.

Apesar da expansão dos ataques de Israel para o Líbano, as mortes em Gaza não pararam. Médicos relataram a morte de 14 palestinianos esta quarta-feira em ataques de Israel, que tem recusado assinar um acordo de cessar-fogo sem obter o que diz ser uma "derrota total" do Hamas.

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