01 nov, 2024 - 09:25 • Cristina Nascimento
O agudizar da violência no Líbano, em pleno conflito entre Israel e o Hezbollah, provocou já mais de um milhão e 200 mil deslocados internos no país, entre os quais milhares de crianças. A informação é avançada pela UNICEF, que pede ajuda para reforçar a assistência no terreno.
Em entrevista à Renascença, a diretora da UNICEF Portugal, Beatriz Imperatori, explica que no último mês a situação no Líbano degradou-se, face à intensificação dos ataques israelitas e, em 15 dias, levou a que um milhão de pessoas saísse de casa com a roupa do corpo.
“Passamos de uma crise para uma catástrofe”, começa por descrever. “O que vemos agora é, de facto, de uma violência sem precedentes. As pessoas internamente deslocadas, que são mais de um milhão, não têm, a sua grande maioria, onde ficar e, portanto, vivem na rua sem nada.”
As crianças estão assustadas, estão extremamente ansiosas, algumas delas deprimidas"
A UNICEF, presente no país há quase 80 anos, está integrada nos esforços de ajuda à população. Beatriz Imperatori explica que, neste movimento de deslocação, 200 mil pessoas optaram por fugir para a Síria.
As equipas estão no terreno para cuidar das crianças, mas também das suas famílias. “Estamos a prestar primeiros socorros, físicos e de saúde mental. As crianças estão assustadas, estão extremamente ansiosas, algumas delas deprimidas e é preciso também cuidar ou tentar cuidar da situação”, descreve.
Beatriz Imperatori acrescenta que, além destes cuidados, estão também a “distribuir água, comida, sacos, cama, colchões, roupa, porque não trouxeram roupa e tudo aquilo que são cuidados de emergência básicos, sobretudo vocacionados para crianças. Mas, evidentemente, há que dar condições mínimas às famílias para poderem sobreviver”.
O campo de Rashidieh, perto de Tiro, alberga vário(...)
Cuidados que são prestados num ambiente de violência e escassez que representa dificuldades acrescidas, reconhece a diretora da UNICEF Portugal.
“Os hospitais neste momento não têm e continuam a precisar de ter mais material médico, de ter mais medicamentos”, exemplifica.
Beatriz Imperatori lembra também que “a destruição das infraestruturas essenciais, como são hospitais, escolas ou as infraestrutura de água e saneamento, traz uma necessidade acrescida de responder e substituir todas estas respostas que deixaram de existir para que a população continue a ter a capacidade mínima de sobrevivência”.
Nesta entrevista à Renascença, Beatriz Imperatori sublinha que a UNICEF apela à paz e a um cessar-fogo imediato e acrescenta que a organização está preparada para manter um esquema de ajuda humanitária para seis meses.
Pedem ainda um reforço dos donativos, sempre em dinheiro. Na página da UNICEF estão as indicações sobre como pode fazer o seu contributo.