06 nov, 2024 - 09:33 • Hugo Monteiro , Jaime Dantas
Ricardo Ferreira Reis considera que os resultados das eleições presidenciais Americanas, que devem ficar fechados até ao final da manhã desta quarta-feira são sinal de uns " Estados Unidos da América extraordinariamente divididos".
"A América Urbana é democrata e a América Fora das Cidades é republicana, é apoiante de Trump, ou seja, ainda há núcleos de republicanos nas cidades mas já não há nada democrata fora das cidades", sublinha o professor da Católica Buisness School of Buisness and Economics em declarações à Renascença.
"Esta divisão de princípios dá a vitória a Trump" e o 47º presidente dos Estados Unidos "já não precisa agora de fazer aquilo que se antecipava que fizesse, que fosse interventivo e vingativo".
Relativamente à política internacional, Ricardo Ferreira Reis prevê que, à semelhança do que aconteceu no primeiro mandato do magnata, os Estados Unidos serão "muito pouco interventivos no plano internacional", "a menos que as coisas se percipitem".
O analista diz ainda ter "a impressão" de que este resultado seja "bastante celebrado na Rússia".
"Há a possibilidade de validação da sua estratégia neste contexto de guerra contra a Ucrânia e de expansão imperialista em que Trump os vai reconhecer como uma potência global. Aquilo que Trump quer promover, que é a paz em poucos dias, poderá ser feito nos termos que os russos ditarem", admite.
O Irão também "terá visto com algum alívio" a vitória dos Republicanos, mas porque "o regime vê validado um inimigo contra o qual pode lutar" e assim "justificar a existência do regime de Teerão", considera.
Pelo contrário, Ricardo Ferreira Reis tem "sérias dúvidas de que a vitória de Trump tenha sido celebrada em Beijing ou na China".
"Acho que os chineses verão aqui uma fonte de conflito desnecessária, sobretudo num contexto de guerra comercial", afirma.
No que diz respeito à derrotada da noite, Kamala Harris, o especialista antecipa que tenha que fazer a "travessia do deserto de Hillary Clinton" sendo que "está mais nova do que Clinton nesse início de travessia e com uma derrota mais expressiva que esta sofreu em 2016".
"Muito dificilmente ela poderá ter um grande protagonismo. É eventualmente possível concebê-la a candidar-se a cargos estaduais como governadora, mas não me parece que haja grande viabilidade política de recuperação", conclui.