13 nov, 2024 - 13:44 • Lusa
A Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide denunciou esta quarta-feira que pelo menos seis pessoas morreram esta manhã na província de Nampula, norte, e outras nove ficaram detidas em Manica, centro, em confrontos entre manifestantes e polícia.
Segundo dados divulgados no levantamento feito por aquela plataforma que monitoriza o processo eleitoral, pelo menos oito pessoas foram igualmente baleadas na província de Nampula, também em tumultos entre as autoridades policiais e manifestantes.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane pediu um novo período de manifestações nacionais em Moçambique, durante três dias, a partir desta quarta-feira, em todas as capitais provinciais, incluindo Maputo, contestando o processo eleitoral.
"Vamo-nos manifestar nas fronteiras, nos portos e nas capitais provinciais (...). Vamos paralisar todas as atividades para que percebam que o povo está cansado", apelou na segunda-feira Venâncio Mondlane, sobre a "quarta etapa" de contestação ao processo das eleições gerais de 09 de outubro.
As manifestações, maioritariamente violentas, deix(...)
Um protesto que pediu para ser alargado aos portos e às fronteiras do país, e aos corredores de transporte que ligam estas infraestruturas, apelando à adesão dos camionistas: "Não obrigamos ninguém a aderir à manifestação. Passamos os valores da manifestação e quem quiser adere".
O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) Bernardino Rafael, disse na terça-feira que é preciso um "basta" às manifestações e paralisações, referindo que são "terrorismo urbano" com intenção de "alterar a ordem constitucional".
"Urge dizer basta às manifestações violentas com tendência de sabotagem de grandes empreendimentos que o país conquistou durante a independência e que são a esperança da geração vindoura", declarou Bernardino Rafael.
Os empresários moçambicanos estimaram na terça-feira em 24,8 mil milhões de meticais (354 milhões de euros) os prejuízos causados em dez dias de paralisações e manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, com 151 unidades empresariais vandalizadas.
Eleições
Venâncio Mondlane não reconhece os resultados das (...)
"Com estas manifestações acompanhadas pelas paralisações da atividade económica, constatamos que os setores de comércio, logística e transporte foram os mais afetados, sendo que as perdas totais e impacto no PIB (Produto Interno Bruto) totalizaram 24,8 mil milhões de meticais (354 milhões de euros), que são cerca de 2,2% do nosso PIB", declarou o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma.
O Ministério Público (MP) moçambicano já instaurou 208 processos-crime para responsabilizar os autores "morais e materiais" da violência nas manifestações pós-eleitorais, anunciou também na terça-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR), responsabilizando o candidato presidencial Venâncio Mondlane.
A PGR refere que, no "âmbito das suas competências constitucionais e legais", o MP "tem estado a instaurar processos judiciais, visando a responsabilização criminal" dos autores "morais e materiais", e "cúmplices destes atos".
"Tendo sido desencadeados, até ao momento, 208 processos-crime, nos quais se investiga homicídios, ofensas corporais, danos, incitamento a desobediência coletiva, bem como a conjuração ou conspiração para prática de crime contra a segurança do Estado e alteração violenta do Estado de direito", lê-se.
Moçambique, e sobretudo Maputo, a capital, viveram paralisações de atividades e manifestações convocadas desde 21 de outubro por Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, que dão vitória a Daniel Chapo e à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder).