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Redes sociais

"The Guardian" abandona X devido ao "conteúdo perturbador" promovido pela rede social

13 nov, 2024 - 16:26 • João Pedro Quesado

Jornal britânico acusa Elon Musk de usar a “plataforma tóxica” e a sua influência para “moldar o discurso político”. Alternativas como o Bluesky conquistaram um milhão de utilizadores desde as eleições nos EUA.

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O jornal britânico “The Guardian” anunciou, esta quarta-feira, que vai deixar de publicar na rede social X, o antigo Twitter. Em comunicado, o diário afirma que a decisão já estava a ser ponderada graças ao “conteúdo perturbador frequentemente promovido” na plataforma, e que a campanha para as eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos da América confirmou as suspeitas sobre as intenções de Elon Musk ao comprar a rede social.

O “The Guardian” considera que “os benefícios de estar no X são agora superados pelos aspetos negativos”, e que os seus recursos “podem ser mais bem usados para promover o nosso jornalismo em outro lugar”. A partilha do comunicado é a última publicação do “The Guardian” na rede social X.

A decisão, diz o jornal, tem estado “em consideração há algum tempo, dado o conteúdo frequentemente perturbador promovido ou encontrado na plataforma, incluindo conspirações de extrema-direita e racismo”.

A gota de água foi a campanha para as eleições presidenciais norte-americanas, que Donald Trump venceu na terça-feira passada, e que “serviu apenas para sublinhar” a suspeita do jornal: “que o X é uma plataforma de média tóxica e que o seu dono, Elon Musk, tem sido capaz de usar a sua influência para moldar o discurso político”.

Salvaguardando que os leitores podem continuar a partilhar as notícias do jornal naquela rede social e que os jornalistas podem utilizar o X para o trabalho, o “The Guardian” aponta que pode tomar esta opção “porque o nosso modelo de negócios não depende de conteúdo viral feito à medida dos caprichos dos algoritmos dos gigantes das redes sociais”.

Bluesky ganha um milhão de novos utilizadores

A decisão do “The Guardian” sublinha o crescente desconforto com o discurso de ódio e desinformação que passaram a dominar o antigo Twitter desde que Elon Musk comprou a rede social, em outubro de 2022 - depois de ser processado pela empresa por tentar sair do acordo de compra que tinha assinado). Um dos passos dado por Musk foi mudar o algoritmo da rede social para as suas publicações serem vistas por mais utilizadores.

Esse discurso de ódio e desinformação é, em parte, fomentado pelo próprio Elon Musk, que não só escreveu que “uma guerra civil é inevitável” em agosto, durante os motins de extrema-direita no Reino Unido, como promoveu a candidatura de Donald Trump nos últimos meses.

A consequência é a rede social Bluesky, semelhante ao X, ter ganhado mais de um milhão de novos utilizadores desde as eleições presidenciais dos EUA, segundo o “The New York Times”.

O Bluesky tem conquistado utilizadores paulatinamente desde 2023, altura em que a adesão ainda se fazia por convite – sistema que foi alterado em fevereiro de 2024. Tem atualmente 14,7 milhões de utilizadores, segundo a empresa.

Segundo uma análise do “Financial Times”, os utilizadores norte-americanos e britânicos começaram o êxodo a 17 de outubro, depois de Elon Musk mudar a função de bloqueio no X para permitir que as contas bloqueadas continuem a ver as publicações tornadas públicas.

Here are UK & US BlueSky numbers separately, to show what’s driving the trends: • Aug 3rd: Musk says ‘civil war is inevitable’ in UK during far right riots • Oct 17th: Musk changes the block function on X, prompting a massive exodus • Nov 7th: thousands more migrate in aftermath of Trump victory

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— John Burn-Murdoch (@jburnmurdoch.bsky.social) November 13, 2024 at 11:57 AM

Mas há concorrência pelo espaço do antigo Twitter com mais peso. O Threads, criado pela Meta (empresa detentora do Facebook, Instagram e WhatsApp), relatou ter atingido, este mês, os 275 milhões de utilizadores ativos por mês.

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