15 nov, 2024 - 14:50 • Redação com Reuters
O parlamento da Nova Zelândia foi temporariamente suspenso, na quinta-feira, depois de deputados Maoris terem dançado o tradicional 'haka' para atrapalhar a votação de um projeto de lei controverso, que pretende rever um tratado de 184 anos entre os britânicos e os indígenas Maoris.
Assinado pela primeira vez em 1840 entre a Coroa Britânica e mais de 500 chefes Maori, o Tratado de Waitangi estabelece que ambas as partes governam o país em conjunto. A interpretação das cláusulas no documento ainda orienta a legislação e a política de hoje.
Ao longo das décadas, os direitos e privilégios do povo Maori tem aumentaram progressivamente. No entanto, alguns argumentam que isso discrimina os cidadãos não-indígenas.
O partido ACT New Zealand, um parceiro minoritário no governo de coligação de centro-direita, anunciou, na última semana, um projeto de lei para consagrar na lei uma interpretação mais restrita deste tratado.
O parlamento foi suspenso quando os deputados do partido Te Pāti Māori mostraram o seu desagrado relativamente ao documento.
O líder do ACT New Zealand, David Seymour, disse que as pessoas que se opõem ao projeto de lei querem "incitar" o medo e a divisão. "A minha missão é empoderar cada pessoa", acrescentou.
A polémica legislação, no entanto, é vista por muitos Maoris e apoiantes como uma violação dos direitos dos povos indígenas do país, que representam cerca de 20% da população, de um total de 5,3 milhões de habitantes.
Centenas de pessoas partiram numa marcha de nove dias do norte da Nova Zelândia até a capital nacional, Wellington, em protesto contra a legislação, organizando comícios em cidades à medida que avançam para o sul.
Na próxima terça-feira são esperadas milhares de pessoas num grande comício.
Embora o projeto de lei tenha sido aprovado em primeira leitura, é improvável que ele obtenha apoio suficiente para se tornar lei.
Os parceiros da coligação, o Partido Nacional e o New Zealand First, apoiam a legislação somente na primeira das três leituras como parte do acordo de coligação. Ambos os partidos disseram que não apoiarão que ela se torne legislação, o que significa que é quase certo que não avance.