15 nov, 2024 - 19:38 • João Pedro Quesado com Reuters
O chanceler alemão, Olaf Scholz, pediu, esta sexta-feira, ao Presidente da Rússia para retirar as tropas da Ucrânia e começar negociações de paz com Kiev.
O chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, reagiu negativamente à primeira chamada entre os líderes da Alemanha e da Rússia em cerca de dois anos, avisando que reduz o isolamento de Putin.
A conversa foi noticiada pela comunicação social alemã e confirmada pelo Kremlin, que declarou que a chamada aconteceu a pedido de Berlim, e afirmou que Putin disse a Scholz que qualquer acordo para terminar a guerra na Ucrânia deve ter em conta os interesses de segurança da Rússia, assim como refletir “as novas realidades territoriais” - uma forma pouco subtil de voltar a indicar que pretende ficar com os territórios no Leste da Ucrânia.
Do lado alemão, um porta-voz do Governo disse que “o chanceler instou a Rússia a mostrar vontade de entrar em negociações com a Ucrânia com o objetivo de alcançar uma paz justa e duradoura”. O Governo sublinhou ainda que Scholz também realçou “a determinação da Alemanha em apoiar a Ucrânia na sua defesa contra a agressão enquanto for necessário”.
O Presidente da Ucrânia vê a chamada com olhos menos simpáticos. Volodymyr Zelensky disse que a conversa entre Scholz e Putin abriu uma “caixa de Pandora” e mina os esforços feitos desde fevereiro de 2022 para isolar Putin.
O governo ucraniano terá sido informado do telefon(...)
“Agora pode haver outras conversas, outras chamadas. Muitas palavras. E isto é exatamente o que Putin quer há muito: é extremamente importante para ele enfraquecer o seu isolamento”, apontou Zelensky num discurso.
“Por mais de duas décadas, Putin tem usado conversas longas como um recurso para promover os seus interesses. Atualmente, conversas apenas dão a Putin esperança de enfraquecer o isolamento internacional”, reforçou o líder ucraniano.
De acordo com o “Politico”, que cita fontes do governo alemão, Scholz e Putin concordaram em manter-se em contacto.
Segundo a Reuters, o embaixador de Moscovo junto das Nações Unidas em Genebra disse, na quinta-feira, que a Rússia está aberta a negociações desde que iniciadas pelo Presidente-eleito dos Estados Unidos da América, Donald Trump.