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Guerra na Ucrânia

Kremlin acusa Biden de colocar "mais lenha na fogueira" ao autorizar Ucrânia a usar armas de longo alcance

18 nov, 2024 - 11:17 • Redação com Reuters e Lusa

Várias têm sido as reações dos países quando à decisão de Washington. Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia sinalizam o apoio à decisão dos EUA, enquanto o governo russo fala numa "escalada da tensão".

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O Kremlin fez saber, esta segunda-feira, que se Washington permitir que a Ucrânia a utilização de armas fabricadas nos EUA para atacar a Rússia, isso levará a um aumento da tensão e aprofundará o envolvimento dos Estados Unidos no conflito.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o governo de Joe Biden está a colocar "mais lenha na fogueira" e a tentar intensificar o conflito na Ucrânia.

"Se tal decisão for, de facto, formulada e levada ao regime de Kiev, então, esta é uma escalada de tensão e uma situação nova do ponto de vista do envolvimento dos EUA neste conflito", disse Peskov.

"É óbvio que o governo cessante em Washington pretende tomar medidas para continuar a colocar lenha na fogueira e continuar a provocar tensão em torno deste conflito", reforçou.

O alerta surge depois da Casa Branco ter autorizado, este domingo, a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance em solo russo.

UE apoia Ucrânia para o uso de armas contra a Rússia

O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, expressou também, esta segunda-feira, a esperança de que os membros da UE possam permitir que a Ucrânia utilize as armas na Rússia.

"Tenho dito repetidamente que a Ucrânia deve poder utilizar as armas que lhe fornecemos, não só para travar os ataques, mas também para poder atingir os atacantes", disse Borrell antes de uma reunião com ministros das Relações Exteriores da UE, em Bruxelas. "Continuo a acreditar que é isso que tem que ser feito. Tenho certeza de que discutiremos mais uma vez. Espero que os estados-membros concordem com isso".

França diz que decisão "ainda é uma opção", Polónia fala em medida "revolucionária"

Em reação à decisão de Washington, também França, que forneceu mísseis de longo alcance para a Ucrânia, explicou que permitir que Kiev ataque alvos militares dentro da Rússia continua a ser uma opção considerar.

"Dissemos abertamente que esta era uma opção que consideraríamos, se fosse para permitir atingir um alvo onde a Rússia está atualmente a agredir o território ucraniano", disse Jean-Noël Barrot, ministro dos Negócios Estrangeiros francês.

O Governo polaco saudou Também a permissão concedida por Washington à Ucrânia, pois é "a única resposta apropriada a Putin, que só compreende a linguagem da força", adiantou o ministro do Interior polaco, Tomasz Siemoniak.

Siemoniak sublinhou que a duração da guerra, "quase mil dias de agressão", não deixa margem para dúvidas sobre a necessidade de tomar medidas contundentes.

Por sua vez, Cezary Tomczyk, vice-ministro da Defesa da Polónia, afirmou que "a Rússia só conhece uma língua: a linguagem do poder", declarando que o Presidente dos EUA, Joe Biden, tomou "uma boa decisão".

Além disso, Malgorzata Paprocka, chefe do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Presidente polaco, Andrzej Duda, descreveu a decisão de Biden como "revolucionária" e "em linha com a política promovida pelo Presidente Duda", sublinhando a importância de responder à morte de civis inocentes.

Já o ministro das Relações Exteriores holandês, Caspar Veldkamp, descreveu a decisão dos EUA como muito importante, visto que "o presidente Putin, em geral, só ouve factos no terreno. Acho, portanto, que é muito importante que os EUA também não [imponham] mais limitações para armas entregues à Ucrânia".

Alemanha mantém decisão de não fornecer mísseis de longo alcance

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, apontou que a decisão da Casa Branca "não é uma reformulação, mas uma intensificação do que já foi entregue por outros parceiros, o que é muito importante neste momento". No entanto, a Alemanha mantém a decisão de não fornecer mísseis de longo alcance à Ucrânia, revelou um porta-voz do governo alemão esta segunda-feira.

A Alemanha é o segundo maior fornecedor de ajuda militar da Ucrânia, depois dos EUA, mas o governo de Olaf Scholz recusa-se a equipar a Ucrânia com mísseis Taurus de longo alcance de fabricação alemã, temendo uma escalada do conflito com a Rússia.

A decisão de Biden surge depois de ter sido acordado em maio o uso de armas norte-americanas para atacar regiões fronteiriças do lado russo, mas sem incluir o uso de mísseis ATACMS de longo alcance ou outros mísseis de maior alcance.

A Ucrânia há muito que solicitava esta mudança, mas a Administração norte-americana tinha afastado esta decisão até agora, temendo que isso pudesse levar a uma nova escalada do conflito.

O Kremlin, por sua vez, alertou que consideraria tal medida uma escalada significativa.

Espera-se que a Ucrânia realize os seus primeiros ataques de longo alcance nos próximos dias, utilizando mísseis ATACMS, que têm um alcance de aproximadamente 300 quilómetros.

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  • Isto é assim
    18 nov, 2024 Europa 18:26
    A Rússia espera por Trump, mas parece esquecer que mesmo sem apoio americano - e isso ainda está para se ver se será assim - a Ucrânia está disposta a continuar a luta, com a sua industria bélica já de poder considerável, e com apoio Europeu e armas de outros fornecedores. É que vendo bem, apesar de toda a publicidade em torno deste caso, os EUA enviaram 20% do que disseram que enviaram e se a industria militar Europeia aproveitar os pedidos de Kiev para crescer, isso não vai agradar aos fabricantes de armas "camones" que vão começar a fazer contas aos mercados que podem perder e ao que vão deixar de vender. Acabar a 100% com o apoio americano é altamente duvidoso que aconteça, para desgosto de Putin e dos amigalhaços que tem cá pelo burgo.
  • Novo Chanceler
    18 nov, 2024 Precisa-se com urgência 18:12
    A cobardia da Alemanha é de salientar. Esperemos que com a queda do governo e a eleição dum novo chanceler que não cheire a cobardolas, as coisas mudem por lá.
  • Alfredo
    18 nov, 2024 Porto 14:39
    Não consigo entender ou aceitar como dão "tempo de antena" a criminosos condenados pelo Tribunal Internacional de Haia.

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