19 nov, 2024 - 17:20 • Diogo Camilo
O chefe de diplomacia da União Europeia diz que atribuir culpas à Rússia pelo corte de dois cabos de telecomunicações no Mar Báltico seria como deitar "lenha para a fogueira", depois dos EUA e alguns Estados-membros da UE terem apontado o dedo à Rússia.
“Não podemos atribuir estes incidentes a ninguém. Seria irresponsável da minha parte atribuir culpas pelo incidente ou acidente, o que quer que lhe queiram chamar, a alguém. Seria colocar lenha na fogueira. Não é a minha intenção”, afirmou Josep Borrell, em conferência de imprensa em Bruxelas.
Países como França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Polónia já vieram acusar Moscovo de “escalar atividades híbridas” contra a NATO e países da UE, um ataque “sem precedentes” em escala e forma, que levanta “riscos significativos de segurança”.
O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, afirmou mesmo que “ninguém acredita que os cabos tenham sido cortados acidentalmente”, assumindo que se trata de um caso de “sabotagem”.
A Rússia negou, por mais do que uma vez, ter sabotado infraestruturas europeias, afirmando que as acusações são uma forma de colocar em causa os interesses de Moscovo com o Ocidente.
O primeiro cabo, de 218 quilómetros que liga a Lituânia à ilha sueca de Gotland, ficou fora de serviço por volta das 8h00 de domingo, segundo a empresa lituana Telia Lietuva, que pertence ao grupo sueco Telia Company.
O segundo, um cabo de fibra ótica de 1.200 quilómetros que liga Helsínquia ao porto de Rostock, na Alemanha, deixou de funcionar às 2h00 de segunda-feira, avançou a empresa estatal finlandesa de cibersegurança e telecomunicações Cinia.
O chefe de diplomacia da UE fala ainda que qualquer apelo a uma guerra nuclear é uma “irresponsabilidade”. Foram estas as palavras usadas por Borrell, em reação à decisão do presidente russo, Vladimir Putin, em autorizar o uso alargado de armas nucleares no conflito com a Ucrânia.
“Não é a primeira vez que eles [Rússia] ameaçam com uma escalada nuclear, o que é completamente irresponsável. A Rússia subscreveu o princípio de que uma guerra nuclear não pode ser uma vitória, e que por isso nunca deve ser combatida”, afirmou aos jornalistas esta terça-feira.