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Cimeira do Clima

Países menos desenvolvidos abandonam negociações. Falta de acordo pode obrigar a suspensão da COP 29

23 nov, 2024 - 14:40 • José Pedro Frazão , Diogo Camilo

Na falta de um acordo, a COP29 pode ser suspensa ou passar os trabalhos para a COP30, que se realiza no Brasil. Países menos desenvolvidos dizem que "não estão a ser ouvidos" e querem enviar "um forte sinal" de protesto.

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As delegações dos países menos desenvolvidos (LDC) e a Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS) abandonaram a sala de negociações da COP29 em protesto contra um processo "não inclusivo" dos trabalhos, considerando insuficiente o aumento da oferta de financiamento climático de 300 mil milhões por ano até 2035 por parte dos países mais desenvolvidos, que incluem a União Europeia, os EUA e o Reino Unido. Na falta de um acordo, COP29 pode ser suspensa ou passar os trabalhos para a COP30, que se realiza no próximo ano no Brasil.

O grupo LDC. que representa mil milhões de pessoas a viverem nos países mais pobres, pretende enviar "um forte sinal" de protesto pelo facto de alegadamente "a sua voz não estar a ser refletida" nas negociações, nomeadamente nos textos que estão a ser negociados.

As razões desta decisão foram explicadas em Baku por Jiwoh Abdullahi, Ministro do Ambiente e Alterações Climáticas da Serra Leoa, membro da delegação , que pressiona a presidência azeri da COP29 a dar passos de aproximação a estes países de forma a alcançar um "acordo justo".

Também representantes dos pequenos estados insulares abandonaram a reunião de consulta, a cerca de uma hora do novo plenário, marcado para as 15h00 em Lisboa (19h00 em Baku, no Azerbaijão).

"Abandonámos a reunião (...). Sentimos que não fomos ouvidos", declarou o representante de Samoa, Cedric Schuster, em nome do grupo de Estados insulares (Aosis), citado pela agência francesa AFP. O protesto ocorre numa altura em que a COP29, que deveria ter terminado na sexta-feira, está a ser prolongada sem que se vislumbre qualquer compromisso.

Durante a manhã, pareceu ter havido luz verde do lado dos países mais desenvolvidos para uma nova proposta, de 300 mil milhões de euros por ano até 2035, depois da proposta anterior de 250 mil milhões por ano ter sido considerada pelos países em desenvolvimento como “um insulto” por ser tão baixa.

Os países em vias de desenvolvimento pedem entre 500 mil milhões e 1,3 biliões de dólares (entre 480 mil milhões e 1,25 biliões de euros) por ano, para os ajudar a abandonar os combustíveis fósseis e a adaptarem-se às alterações climáticas associadas ao aquecimento global.

Falta de acordo pode obrigar a suspensão da COP29


Se um acordo não for alcançado no plenário desta tarde, o cenário mais provável é a da suspensão dos trabalhos, sendo necessária a organização de uma nova cimeira do clima para continuar os trabalhos que se estão a realizar em Baku.

Aconteceu por apenas uma vez - em 2000 e 2001 -, quando uma COP foi suspensa e foi organizada nestes parâmetros e que se realizaria em junho de 2025, em Bona, na Alemanha.

A COP pode também terminar sem consenso e passar toda a decisão para a COP30, marcada para o próximo ano no Brasil.

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