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COP29. Acordo de 300 mil milhões alcançado na Cimeira do Clima

23 nov, 2024 - 23:03 • José Pedro Frazão , Ricardo Vieira, com Reuters

Diversos países sinalizaram desapontamento e, em muitos casos, indignação com os resultados da COP29, nomeadamente no que diz respeito ao financiamento climático. O secretário-geral da ONU considera que o acordo é "essencial para manter vivo o limite de aquecimento global de 1,5°C”.

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Um acordo de 300 mil milhões de dólares por ano para ajudar os países mais pobres a lidar com os impactos das alterações climáticas foi alcançado este sábado na Cimeira do Clima, COP29, que decorre em Baku, no Azerbaijão. A notícia está a ser avançada pela agência Reuters.

Os países mais ricos abriram os cordões à bolsa e foi possível melhorar o anterior compromisso, que previa um valor de 100 mil milhões de dólares por ano.

Os países também alcançaram um acordo sobre regras para um mercado global de compra e venda de créditos de carbono que, segundo os proponentes, poderiam mobilizar mais milhares de milhões de dólares em novos projetos para ajudar a combater o aquecimento global, desde a reflorestação à implementação de tecnologias de energia limpa.

Diversos países sinalizaram desapontamento e, em muitos casos, indignação com os resultados da COP29, nomeadamente no que diz respeito ao financiamento climático.

Foi o caso da Índia. Em relação ao acordo de 300 mil milhões, o país mais populoso do mundo manifestou a sua objeção, mas o protesto aconteceu depois de o entendimento ter sido formalmente adotado, por consenso. A Índia considera que foi impedida de manifestar essa posição antes de as conclusões serem adotadas em plenário.

"Lamento dizer que este documento nada mais é do que uma ilusão de ótica. Isto, na nossa opinião, não resolverá a enormidade do desafio que todos enfrentamos. Portanto, opomo-nos à adoção deste documento", disse Chandni Raina, representante da delegação indiana.

Entre os países africanos, a Nigéria considera que a aprovação da forma como foi feita na sala é um “insulto ao que está estabelecido” na Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. A verba de 300 mil milhões de euros por ano até 2035 foi apelidada de “piada”.

Para a Bolívia, esta decisão “consolida um sistema injusto” baseado no incumprimento das responsabilidades dos países desenvolvimentos em relação ao chamado Sul Global.

O desapontamento foi também assinalado pelos países do Pacífico sujeitos a subida do nível da água dos oceanos.

A Cimeira do Clima deste ano deveria terminar na sexta-feira, mas por falta de consenso em relação ao documento final foi obrigada a prolongamento.

"Acordo essencial para manter viva" a meta de 1,5 graus

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, considera que "chegar a um acordo na #COP29 foi essencial para manter vivo o limite de aquecimento global de 1,5°C”.

António Guterres esperava um "resultado mais ambicioso" para enfrentar a ameaça das alterações climáticas, "mas o acordo alcançado proporciona uma base sobre a qual construir".

"Deve ser honrado integralmente e dentro do prazo. Apelo aos governos para que o façam com urgência", sublinha o secretário-geral da ONU, numa mensagem publicada nas redes sociais.

Apesar das críticas das nações em vias de desenvolvimento, que consideram o acordo insuficiente, o chefe das Nações Unidas para as questões climáticas considera que é uma apólice de seguro para a Humanidade. "Foi uma jornada difícil, mas conseguimos alcançar um acordo", declarou Simon Steill.

A UE considera que a COP29 será recordada como “o início de uma nova era para o financiamento climático”. O comissário europeu para o Clima salienta que “há significativamente mais dinheiro em cima da mesa”, triplicando o objetivo inicial de 100 mil milhões de dólares. “Sentimos que é ambicioso, necessário, realista e alcançável”, disse Wopke Hoekstra.

A Zero considera que o financiamento decidido para ação climática “é insuficiente para quem mais precisa”.

A associação ambientalista portuguesa defende, em comunicado, um aumento exponencial dos “curtos milhões disponibilizados por Portugal”.

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