26 nov, 2024 - 17:50 • Ana Kotowicz
O cessar-fogo com o Líbano recebeu luz verde do gabinete de segurança de Israel e agora Benjamin Netanyahu irá propor à totalidade do governo que aprove o acordo, avançou o primeiro-ministro israelita numa declaração televisiva. No entanto, deixou claro que Israel irá reagir se os contornos do acordo forem violados. "Vamos reagir a qualquer ataque do Hezbollah", acrescentou, dizendo que os parceiros internacionais tentaram convencer Israel de que com o cessar-fogo o grupo armado irá "ficar calmo" durante um ano ou mais.
"A duração do cessar-fogo vai depender do que acontecer no Líbano", esclareceu Netanyahu. "Mantemos toda a liberdade para reagir se o Hezbollah atacar. Se forem disparados mísseis, nós atacaremos."
Benjamin Netanyahu falava esta terça-feira depois da reunião do gabinete de segurança, onde se previa que aquele conjunto reduzido de ministros aprovasse a proposta de cessar-fogo no Líbano, como acabou por acontecer. Sobre o timing do cessar-fogo, que arranca na quarta-feira, Netanyahu disse haver três motivos para chegar a acordo neste momento, e um deles é separar a guerra com o Hamas de outros conflitos.
"Há três razões", disse o primeiro-ministro israelita. "Um deles é focarmo-nos na frente iraniana e sobre isto não vou dizer mais." No início do discurso, Netanyahu frisou que Israel destruiu a maior parte da capacidade aérea iraniana. Além disso, o seu governo está determinado a fazer tudo ao seu alcance para impedir que o Irão se torne uma potência nuclear. "Está no topo das nossas prioridades", acrescentou.
"A remoção desta ameaça é a tarefa mais importante que temos para garantir o nosso futuro", disse o primeiro-ministro israelita, sublinhando que é preciso desmantelar os batalhões do Hezbollah.
O segundo motivo prende-se com a necessidade de reforçar a força militar israelita. "Tem havido atraso em trazer mais armas" para Israel, disse Netanyahu, mas isso "vai acabar em breve". E, tal como no ponto anterior, não entrou em maiores detalhes.
Por fim, o terceiro motivo: "Separar a frente da guerra com o Hamas da segunda guerra em que o Hamas pressionou o Hezbolllah para que agisse". E isso, acrescentou, "vai ajudar-nos com a tarefa de trazer os nossos reféns" para casa.
Durante a tarde, o secretário de Estado dos EUA tinha afirmado que o acordo de cessar-fogo era um passo em frente na tentativa de acabar com a guerra em Gaza — uma ideia que não foi repetida por Netanyahu.
“Uma das coisas que o Hamas procurou desde o primeiro dia foi juntar terceiros à guerra, criar múltiplas frentes, e enquanto pensou que isso era possível, esteve contido em fazer o que era necessário para acabar com o conflito”, disse Antony Blinken aos jornalistas, depois de um encontro do G7 em Itália. “Se vir que a cavalaria não está a caminho, isso pode incentivá-lo a fazer o que for preciso para acabar com este conflito.”
Segundo o acordo, está previsto o envio do exército libanês para o sul do país, acompanhado da missão de observação da UNIFIL (Força Interina das Nações Unidas no Líbano) e de um novo mecanismo de supervisão, explicou Blinken.