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Moçambique

Jovem atropelada por viatura militar. Manifestantes bloqueiam avenidas no centro de Maputo

27 nov, 2024 - 08:57 • Lusa

Pelo menos 67 pessoas morreram e outras 210 foram baleadas num mês de manifestações. Uma jovem foi atropelada esta manhã por uma viatura militar blindada.

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Algumas artérias da cidade de Maputo estão bloqueadas desde o início da manhã desta quarta-feira por manifestantes pró Venâncio Mondlane, que ocuparam as ruas, impendido o trânsito e espalhando contentores do lixo e pedras pelas vias, em protesto contra o processo eleitoral.

Nas avenidas 24 de Julho e Guerra Popular, artérias centrais da capital moçambicana, desde as 08h00 (06h00 em Lisboa) que não se circula, com manifestantes a arrastarem à força de braços contentores de grandes dimensões para o centro da via, enquanto outros colocam pneus, paus e pedras, travando qualquer automobilista que arriscasse passar.

Neste cenário de caos, uma jovem foi atropelada por uma viatura militar blindada que circulava em alta velocidade quando protestava no centro da avenida Eduardo Mondlane. A jovem foi transportada por outros populares ao hospital em estado grave.

O acidente aconteceu cerca das 09h30 locais (07h30 em Lisboa), num cenário de extrema violência, não sendo claro se o condutor avistou a manifestante do outro lado da barricada.

O atropelamento propiciou a ira dos manifestantes, que até então estavam apenas a cortar a circulação automóvel em praticamente todas as artérias centrais de Maputo.

À passagem de qualquer viatura policial, incluindo blindados, os manifestantes respondem com o arremesso de pedras e paus, pelo menos nas avenidas Eduardo Mondlane e Guerra Popular, centro da capital moçambicana.

Cerca das 11h00 locais (09h00 de Lisboa), as autoridades disparam balas reais e foram cercadas por dezenas de populares.

Ainda antes, cerca das 08h30 locais, a polícia ainda fez um disparo de gás lacrimogéneo na avenida 24 de Julho, mas os manifestantes acabaram por não dispersar, limitando-se as autoridades, com blindados no local, a tentar desbloquear a via, sem incidentes, enquanto outros jogavam à bola no centro da avenida ou dançavam e cantavam. Alguns, com cartazes "não somos vândalos" colados à roupa, ao som de vuvuzelas e apitos, saltavam à corda.

Igual cenário era vivido na avenida 25 de Setembro, na baixa da cidade, com manifestantes que apoiam o candidato presidencial Venâncio Mondlane a colocarem barreiras na via, com recurso a carrinhos de mão e bancadas de venda, impedindo o trânsito e repetindo a contestação ao processo envolvendo os processo eleitoral envolvendo as eleições gerais de 09 de outubro.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou à população moçambicana para, durante três dias, a partir desta quarta-feira, abandonar os carros a partir das 08h00 nas ruas, com cartazes de contestação eleitoral, até regressarem do trabalho.

"A partir das 08h00, em plena estrada, não nos passeios. Vamos usar as nossas estradas como parques de estacionamento, com os carros cheios de cartazes. Fechamos o carro, vamos andar a pé, até ao local de trabalho", apelou Venâncio Mondlane.

"Deixa o carro no meio da estrada com os seus cartazes. Deixa o carro e vai trabalhar", insistiu, sobre esta nova fase de contestação ao processo eleitoral.

Pelo menos 67 pessoas morreram e outras 210 foram baleadas num mês de manifestações, desde 21 de outubro, de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique, indica a atualização feita sábado pela Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia - que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar -, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

[atualizado às 10h03 com a informação do atropelamento de uma jovem]

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