26 nov, 2024 - 20:00 • Miguel Marques Ribeiro
O México ameaça responder às medidas protecionistas anunciadas esta terça-feira por Donald Trump.
Segundo a Reuters, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, está a estudar um pacote de retaliações às tarifas de 25% que o futuro ocupante da Casa Branca pretende impor a todos os produtos produzidos do outro lado da fronteira.
Na segunda-feira, Trump garantiu que vai impor novos impostos sobre importações do México, Canadá e China, assim que tomar posse, enquanto estes países não puderem fim à imigração ilegal e à produção e tráfico de droga. As taxas poderão atingir os 25%.
Numa carta dirigida ao presidente eleito dos EUA, lida esta terça-feira, na sua conferência de imprensa diária, Sheinbaum contesta a possível eficácia das medidas. “O fenómeno da migração ou do consumo de drogas nos Estados Unidos não será tratado com ameaças ou tarifas”.
Se Trump avançar com a ameaça de aplicação de taxa(...)
O mais provável, sugere a primeira mulher chefe de Estado do México, é que os dois países entrem numa espiral de tributação aduaneira. “Que sentido faz isto?”. Uma tarifa surgirá em resposta a outra, e assim sucessivamente, até colocarmos em risco as empresas partilhadas”, disse ela.
O México e os Estados Unidos são, reciprocamente, os principais parceiros comerciais. Sheinbaum, que tomou posse em setembro, sublinha que os efeitos negativos se farão sentir em ambos os lados, provocando inflação e desemprego e prejudicando a indústria automóvel, altamente interdependente entre os dois países.
Adicionalmente, a imposição de novas tarifas poderá violar o acordo comercial estabelecido entre os Estados Unidos, o México e o Canadá, assinado em 2020, durante a primeira Administração Trump.
A chegada ao poder do novo presidente está a ter efeitos negativos na economia mexicana. Só na manhã desta terça-feira, o peso mexicano caiu 2,3% em relação ao dólar, um contribuindo para a forte desvalorização verificada este ano, enquanto o dólar canadiano caiu para o nível mais baixo em quatro anos.
Na sua declaração, Trump afirmou que "milhares de pessoas estão a passar pelo México e pelo Canadá, trazendo o crime e a droga a níveis nunca antes vistos". A maior parte do fentanil, um dos principais responsáveis pela epidemia de opiáceos que assola o país, entra nos Estados Unidos a partir do México.
Sheinbaum tentou contestar estas acusações, sublinhando que que as apreensões de migrantes indocumentados pela patrulha fronteiriça dos EUA diminuíram três quartos em relação a Dezembro passado e que toneladas de narcóticos ilícitos foram apreendidas.
“É tempo de transformação, é tempo das mulheres”, (...)
Apesar da eventual evolução verificada nos últimos meses, no combate aos traficantes, as apreensões da droga na fronteira aumentaram drasticamente sob a liderança do presidente Joe Biden.
Alguns analistas mexicanos, citados pela Reuters, dizem que o país se deve preparar para uma guerra comercial.
Sheinbaum mostrou-se confiante de que os dois países serão capazes de chegar a um acordo, mas também contra-atacou. Se os EUA, assim que Trump se instalar na Casa Branca, persistirem na intenção de impor as tarifas, o México vai procurar outros parceiros.
“Não estamos apenas virados para norte, mas também para sul e para o continente europeu”, afirmou. “O México é forte e vai sair por cima”.