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​Chefe da diplomacia da UE admite sanções por confrontos "inaceitáveis" na Geórgia

01 dez, 2024 - 10:00 • Lusa

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A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Kaja Kallas, admitiu este domingo sanções ou outras penalizações contra o governo da Geórgia pela repressão dos protestos pró-europeus na capital do país, classificando o recurso à violência como "inaceitável".

"No que respeita à Geórgia, a União Europeia está, obviamente, ao lado do povo georgiano na sua escolha do futuro europeu. É evidente que o recurso à violência contra manifestantes pacíficos não é aceitável e que o Governo da Geórgia deve respeitar a vontade do povo georgiano, mas também a Constituição da Geórgia", declarou a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.

No dia que chegou à capital ucraniana, Kiev, para passar o seu primeiro dia em funções como chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas disse ao pequeno grupo de jornalistas, incluindo a Lusa, que acompanha a deslocação de alto nível -- que inclui o novo presidente do Conselho Europeu, António Costa -- que esta questão vai agora ser discutida "com os Estados-membros", que podem então tomar decisões.

"As opções são as habituais: temos opções de sanções, opções para lidar também com o regime de vistos, enfim, temos diferentes opções, mas é claro que temos de chegar a um acordo", adiantou.

Kaja Kallas disse ainda que, "claramente, o governo da Geórgia não está a respeitar a vontade do povo da Geórgia no que diz respeito ao futuro europeu e não se pode deixar passar disso".

Confrontos entre polícia e manifestantes pró-europeus eclodiram esta noite na capital georgiana, Tbilisi, na terceira noite consecutiva de protestos contra a decisão do governo de adiar as discussões para a adesão do país à UE até 2028.

Polícias com equipamento anti-motim dispararam balas de borracha, gás lacrimogéneo e usaram canhões de água para dispersar os manifestantes que lançavam fogos de artifício.

A Presidente pró-europeia da Geórgia, Salome Zurabishvili, anunciou que não renunciará ao seu mandato, que termina este ano, até que novas eleições legislativas sejam organizadas no país em plena crise política.

A Geórgia está dividida desde que o partido no poder, o pró-russo Sonho Georgiano, declarou vitória nas legislativas de 26 de outubro, enquanto os partidos da oposição pró-UE afirmaram que estas foram marcadas por irregularidades.

Os partidos pró-europeus estão a boicotar o novo parlamento e Zurabishvili procurou que os resultados das eleições fossem anulados pelo Tribunal Constitucional.

O parlamento recém-eleito, que Zurabishvili considera ilegítimo, anunciou que elegeria o próximo presidente em 14 de dezembro e que a sua posse para um mandato de cinco anos ocorreria em 29 de dezembro.

Na semana passada, o Sonho Georgiano nomeou Mikheil Kavelachvili, um ex-jogador de futebol que entrou na política pela extrema-direita, como seu candidato para este cargo.

De acordo com as alterações constitucionais impostas por esse partido em 2017, o presidente será pela primeira vez escolhido por um colégio eleitoral e não por voto popular.

Com o partido Sonho Georgiano a controlar o colégio eleitoral, a eleição de Kavelashvili é considerada um dado adquirido.

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