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Coreia do Sul. Destino "mais provável do presidente deve ser mesmo a destituição"

03 dez, 2024 - 22:37 • Alexandre Abrantes Neves , Miguel Marques Ribeiro

Em entrevista à Renascença, o especialista em assuntos orientais, Luís Mah, analisa as consequências da declaração da lei marcial pelo presidente sul-coreano que o Parlamento conseguiu travar. EUA devem ser "obrigados" a rever a sua estratégia de combate à China.

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Depois do veto do parlamento, o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, aceitou levantar e dissolver a Lei Marcial que horas antes tinha declarado nesta terça-feira.

A notícia está a ser avançada, entre outros meios internacionais, pelo canal de televisão Sky News, que cita o próprio Yoon Suk Yeol.

O chefe do estado sul coreano justificou o decreto da lei marcial com a necessidade de eliminar as forças pró-Coreia do Norte, que alegadamente estavam presentes nos partidos da oposição. O parlamento opôs-se ao presidente e milhares de pessoas sairam às ruas do país em protesto, obrigando o presidente a recuar na decisão.

Na leitura de Luís Mah, especialista em política asiática, o presidente já não tem condições para se manter no cargo e a opção mais provável deve ser mesmo a destituição. "O presidente vai retirar a lei marcial e provavelmente vamos assistir a um processo de destituição ou de 'impeachment', que será o segundo em poucos anos da Coreia. Tivemos Park Geun-hye há pouco tempo, a filha do primeiro ditador militar da Coreia do Sul. E é bem provável que ele possa ser destituído, porque não só a oposição está contra ele como o próprio partido governamental que o elegeu está contra ele".

Luís Mah acredita que a opção de Yoon Suk Yeol foi uma tentativa de se manter a todo o custo no poder. "Pura e simplesmente é uma forma de tentar ficar no poder. É preciso perceber que a presidência na Coreia do Sul é uma muito forte, tem muitos poderes. É isso que a Constituição lhe dá".

Para o especialista, a medida decretada esta terça-feira foi também uma forma de Yoon Suk Yeol calar os opositores, numa altura em que os seus níveis de popularidade caem a pique, devido a uma postura "cada vez mais autoritária" e às suspeitas de corrupção em torno da primeira-dama do país.

"Ao impôr ou ao declarar o Estado de lei marcial, põe fim a uma série de liberdades na sociedade, liberdade de expressão, liberdade dos média, críticas, basicamente fecha o país às críticas à sua presidência. Basicamente, foi o que ele fez. "

Luís Mah assinala ainda que a narrativa apresentada pelo estadista não é inédita, mas sublinha que as ameaças norte coreanas utilizadas para justificar a lei marcial não são reais. "Não fazem sentido nenhum. Temos uma Coreia do Norte muito mais beligerante, [que] continua a lançar mísseis. Agora que está do lado da Rússia, está a receber tecnologia que poderá torná-la mais competitiva militarmente em relação à Coreia do Sul. Ele tentou usar uma linguagem que é muito comum, principalmente das forças mais conservadores na Coreia, acusando a oposição de ser pró-comunista, pró-Coreia do Norte".

Os Estados Unidos dizem estar a seguir com atenção e preocupação a situação no país aliado. Luís Mah diz que os acontecimentos desta terça-feira podem obrigar Washignthon a rever a estratégia de combate à China:

"O que os Estados Unidos vão questionar agora é qual é a força desta grande unidade que se foi criando nos últimos anos durante a Administração Biden entre os Estados Unidos, Coreia e Japão, com uma força de oposição ou de contrabalanço em relação à China", rematou.

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