05 dez, 2024 - 07:50 • Lusa
O parlamento da Coreia do Sul vai votar uma moção de destituição do Presidente Yoon Suk-yeol no sábado, noticiou esta quinta-feira a agência de notícias pública sul-coreana Yonhap.
"O voto da moção de destituição do Presidente Yoon vai decorrer cerca das 19 horas de sábado [11h00 em Lisboa]", declarou um deputado da oposição Jo Seoung-lae, citado pela Yonhap.
Entretanto, a polícia sul-coreana anunciou a abertura de um inquérito por "rebelião" contra Yoon, na sequência da imposição da lei marcial no país, suspensa horas mais tarde.
"O caso está em curso", declarou o chefe de investigações da polícia, Woo Kong-suu, aos deputados.
O secretariado para a imprensa do chefe de Estado da Coreia do Sul indicou que Yoon não fará qualquer declaração pública durante o dia de hoje.
A última intervenção pública de Yoon ocorreu ao início da manhã de quarta-feira, quando suspendeu a lei marcial.
Na terça-feira à noite, Yoon comunicou ao país a imposição da lei marcial para "erradicar as forças a favor da Coreia do Norte e proteger a ordem constitucional" das atividades "anti-estatais", tendo acusado o principal bloco da oposição, o Partido Democrático (PD).
Poucas horas depois, o Presidente suspendeu a lei marcial, depois de a Assembleia Nacional ter revogado a decisão, numa sessão plenária extraordinária convocada numa altura em que milhares protestavam nas ruas de Seul.
Na quarta-feira, seis partidos da oposição na Coreia do Sul apresentaram uma moção para a destituição de Yoon.
O PD e cinco outros partidos iniciaram assim o processo parlamentar que poderá levar ao afastamento do Presidente sul-coreano, cujo Partido do Poder Popular (PPD) governa em minoria.
O chefe da bancada parlamentar do PPD garantiu já que todos os 108 deputados do partido vão rejeitar a moção apresentada pela oposição para destituir o chefe de Estado.
Ainda assim, o líder do PPP exigiu que Yoon Suk-yeol abandone a formação política.
Considerado um "falcão" e próximo de Yoon, Kim Yong-hyun é uma das figuras mais proeminentes do Governo sul-coreano.
Como é habitual na Coreia do Sul, Yoon nomeou como substituto outro militar reformado, Choi Byun-hyuk, um general que foi vice-comandante das Forças Combinadas Coreia do Sul-EUA entre 2019 e 2020 e, desde dezembro de 2023, embaixador na Arábia Saudita, considerada um cliente estratégico para as vendas de armas sul-coreanas.
Ex-chefe da segurança presidencial de Yoon, Kim foi nomeado para o cargo em agosto e confirmado em Setembro. Enquanto ministro da Defesa, tinha o poder de recomendar ao Presidente a declaração da lei marcial.
Durante a audição parlamentar, anterior à confirmação como ministro da Defesa, o Partido Democrático (PD, oposição) sugeriu que o motivo subjacente à nomeação era preparar o Governo, cada vez mais enfraquecido e rodeado pela oposição, para declarar a lei marcial, algo que Kim negou veementemente.Para o PD, Yoon parecia estar a colocar elementos, com os quais mantém uma relação estreita, em posições de topo no seio das forças armadas.
Tanto o Presidente como Kim e o comandante da contraespionagem do exército, Yeo In-hyung, concluíram o ensino secundário ao mesmo tempo, na mesma escola de Seul, o Chungam College, um pormenor que a oposição não quis ignorar na altura, uma vez que na Coreia do Sul os laços estabelecidos nos anos académicos são considerados extremamente importantes.
Choi, o sucessor de Kim, foi apresentado pelo chefe de gabinete de Yoon, Chung Jin-suk, como um militar experiente, com amplos conhecimentos em matéria de segurança e uma vasta experiência no terreno.