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Síria. Nomeado primeiro-ministro interino do governo de transição

10 dez, 2024 - 14:07 • Miguel Marques Ribeiro com Reuters

A indigitação ocorre poucos dias depois da deposição do regime de Bashar al-Assad e numa altura em que a capital Damasco procura regressar à normalidade.

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Mohamed al-Bashir foi nomeado primeiro-ministro interino do governo de transição sírio até 1 de março de 2025, anunciou o próprio num comunicado televisivo transmitido esta terça-feira.

“Hoje realizámos uma reunião de gabinete que incluiu uma equipa do governo da Salvação que estava a trabalhar em Idlib e arredores, e o governo do regime deposto”, afirmou. “A reunião teve como tema a transferência de informações e instituições" e o nome de Bashir emergiu como consensual.

Enquanto discursava, foram colocadas duas bandeiras atrás do novo chefe do executivo: uma verde, preta e branca, que foi hasteada pelos opositores de Assad durante a guerra civil, e outra branca com o juramento de fé islâmico escrito a preto, que na Síria representa normalmente os combatentes islâmicos sunitas.

Engenheiro formado em Sharia e Direito

Al-Bashir dirigiu o Governo de Salvação liderado pelos rebeldes no noroeste do país, em Idlib antes da ofensiva relâmpago de 12 dias, que depôs o regime de Bashar al-Assad.

O novo líder sírio interino tem um perfil político pouco conhecido fora dessa região predominantemente rural, administrada pelos rebeldes durante os longos anos em que as linhas da frente da guerra civil na Síria estiveram congeladas.

Uma página de Facebook da administração rebelde diz que se formou em engenharia elétrica, sharia e direito. Segundo a mesma fonte, al-Bashir ocupou vários cargos na administração regional, nomeadamente na área educativa.

Sinais de regresso à normalidade em Damasco

Esta terça-feira, na capital síria, os bancos voltaram a abrir portar, o que acontece pela primeira vez, desde o derrube de Assad. As lojas também funcionaram normalmente e o trânsito voltou a circular nas estradas.

Nas ruas da capital Damasco, os varredores regressaram ao trabalho e um grupo de trabalhadores da construção civil empenhou-se na reparação de uma rotunda no centro da cidade.

O número de homens armados nas ruas é inferior ao dos dias anteriores. Duas fontes próximas dos rebeldes, diz a Reuters, garantiram ter recebido ordens do comando para retirarem dos centros urbanos, para serem rendidas pelas forças de segurança interna afiliadas ao principal grupo rebelde, Hayat Tahrir al-Shams (HTS).

Ataques de Israel e dúvidas sobre o HTS

Estes sinais de aparente regresso à normalidade contrastam com a tensão gerada pelos intensos ataques aéreos que Israel tem feito contra bases do exército sírio. O vizinho do sul enviou também forças através da fronteira para uma zona desmilitarizada dentro da Síria.

As ligações do HTS ao extremismo islâmico (Estado Islâmico e AL-Qaeda) continuam a gerar interrogações, mas o enviado da ONU para a Síria minimizou a sua designação como organização terrorista.

"A realidade é que até agora o HTS e também os outros grupos armados têm enviado boas mensagens ao povo sírio, de unidade, de inclusão", disse Geir Pedersen num briefing em Genebra.

[Notícia atualizada às 15h05]

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