14 dez, 2024 - 17:31 • Miguel Marques Ribeiro com Reuters
Os Estados Unidos esperam que o novo governo sírio respeite os direitos das minorias, afirmou este sábado o sábado o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
O governante encontra-se na Jordânia, para conversações com diplomatas da Turquia, da União Europeia e de países árabe, que incluem também contactos diretos com os rebeldes que depuseram o presidente Assad.
Estes encontros ocorrem numa altura em que prevalece a incerteza sobre o futuro da Síria e as principais potências regionais e globais se digladiam por assumir um papel preponderante nos corredores do governo interino.
Blinken disse em conferência de imprensa que o grupo tinha acordado um comunicado conjunto que apela a um governo inclusivo e representativo que respeite os direitos das minorias e não ofereça “uma base para grupos terroristas”.
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“O acordo de hoje envia uma mensagem unificada à nova autoridade interina e aos diferentes intervenientes na Síria sobre os princípios que são cruciais para garantir o tão necessário apoio e reconhecimento”, disse Blinken.
O diplomata disse ainda que as autoridades norte-americanas já tiveram "contacto direto" com o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), apesar de o grupo ser considerado terrorista, e instaram esta e outras forças rebeldes a ajudar na localização do jornalista norte-americano Austin Tice, que foi detido na Síria em 2012 . Os EUA também partilharam com as várias movimentos no terreno o que pretendem ver da transição do país, acrescentou.
A Jordânia, vizinha da Síria, organizou a reunião deste sábado, em Aqaba. A Rússia e o Irão, que eram os principais apoiantes de Assad, não foram convidados.
Blinken, o enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pederson, e o responsável pela política externa da UE, Kaja Kallas, Fidan e ministros dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Arábia Saudita, Iraque, Líbano, Egito, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Qatar reuniram-se em torno de uma mesa circular numa casa de hóspedes do governo jordano. Não havia nenhum representante sírio à mesa.
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Os diplomatas árabes juntaram-se anteriormente em separado e emitiram uma declaração apelando a uma transição política pacífica e inclusiva que conduza a eleições e a uma nova constituição.
Diplomatas árabes presentes nas conversações disseram que procuravam garantias da Turquia de que apoiava esta medida, e se opunha àdivisão da Síria em linhas sectárias.
A Turquia e os Estados Unidos, ambos membros da NATO, têm interesses conflituantes no que diz respeito a alguns dos rebeldes. Aqueles que são apoiados pela Turquia, no norte da Síria, entraram em confronto com as Forças Democráticas Sírias (FDS), lideradas pelos curdos.
As FDS, que controlam alguns dos maiores campos petrolíferos da Síria, são o principal aliado numa coligação dos EUA contra os militantes do Estado Islâmico. São lideradas pela milícia YPG, um grupo que Ancara vê como uma extensão dos militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) que lutam contra o Estado turco há 40 anos e que este proíbe.
Blinken disse às autoridades turcas durante uma visita a Ancara na quinta e sexta-feira que o Estado Islâmico não deve ser capaz de se reagrupar e que as FDS não devem ser distraídas do seu papel de proteger os campos que abrigam combatentes do EI, de acordo com uma autoridade dos EUA. Os líderes turcos concordaram, disse o responsável da delegação dos EUA.
No entanto, Fidan disse à TV turca na sexta-feira que a eliminação do YPG era o “alvo estratégico” da Turquia e instou os comandantes desse grupo a abandonarem a Síria.