14 dez, 2024 - 19:50 • João Pedro Quesado
Donald Trump anunciou este sábado a nomeação do lusodescendente Devin Nunes para a liderança do Conselho Consultivo de Informações do Presidente dos Estados Unidos da América. O ex-representante do Partido Republicano é atualmente presidente executivo da rede social criada pelo Presidente-eleito dos EUA.
Segundo o anúncio de Trump na rede social Truth Social, Devin Nunes vai continuar a liderar a empresa Trump Media & Technology Group ao mesmo tempo que lidera o Conselho Consultivo de Informações - um órgão diretamente ligado ao gabinete executivo do Presidente dos EUA.
"O Devin vai aproveitar a experiência como ex-presidente da Comissão de Informações da Câmara dos Representantes, e o seu papel-chave em expor a farsa Rússia, Rússia, Rússia, para me dar avaliações independentes da eficácia e propriedade das atividades da Comunidade de Informações dos EUA", explicou Donald Trump, que terminou o anúncio com "parabéns Devin!".
O Conselho Consultivo de Informações do Presidente (President's Intelligence Advisory Board) é responsável por aconselhar do Presidente dos EUA sobre a qualidade e adequação da recolha de informações dos serviços norte-americanos, e de outras atividades das agências. O ramo de supervisão deve aconselhar o Presidente sobre a legalidade de atividades de recolha de informações em países estrangeiros.
Devin Nunes foi representante de dois distritos eleitorais diferentes da Califórnia na Câmara dos Representantes, entre 2003 e 2022. No final de 2021, o lusodescendente, filho de portugueses que emigraram dos Açores para a Califórnia, demitiu-se para ser o presidente executivo da Trump Media & Technology Group, detentora da Truth Social - rede social criada por Trump depois de o então ex-Presidente ser expulso do Twitter pela incitação à violência na invasão ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021.
Descrito como "um dos mais ardentes e estranhos defensores de Trump no Congresso" pelo "Los Angeles Times" em 2021 - após receber a Medalha Presidencial da Liberdade pelas mãos de Trump -, Devin Nunes foi presidente da Comissão de Informações da Câmara entre 2015 e 2019, e integrou a primeira equipa de transição de Donald Trump, em 2016.
O agradecimento de Trump a Nunes deve-se a uma investigação que a Comissão de Informações da Câmara dos Representantes lançou, em 2017, à interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016. No ano seguinte, Devin Nunes divulgou um memorando de quatro páginas em que alegava a existência de uma conspiração do FBI contra Donald Trump. Seguiu-se uma investigação da comissão liderada por Nunes ao FBI e ao Departamento de Justiça por alegado abuso de poder, que terminou sem resultados tangíveis.
Nunes destacou-se logo em 2015 pela investigação da Comissão de Informações à resposta dos EUA ao ataque coordenado de 2012 contra instalações norte-americanas em Benghazi, na Líbia, que resultou na morte do então embaixador dos EUA para a Líbia. A investigação, que se tornou numa perseguição à então candidata do Partido Democrata Hillary Clinton, durou dois anos, e terminou sem encontrar falhas nem da ex-secretária de Estado, nem de outros responsáveis da administração Obama.