15 dez, 2024 - 21:57 • João Pedro Quesado com Reuters
Várias centenas de pessoas, possivelmente milhares, terão morrido com a passagem do ciclone Chido no arquipélago francês de Mayotte, no oceano Índico, na noite de sábado para domingo, segundo um autarca local. A tempestade matou pelo menos três pessoas em Moçambique.
"Acho que vai haver várias centenas, talvez atinjamos um milhar, senão vários milhares", disse o autarca de Mayotte, Francois-Xavier Bieuville no canal local Mayotte La 1ere.
Questionado acerca do número de vítimas devido ao ciclone Chido, o ministro do Interior francês disse que "vai ser difícil contar todas as vítimas", e que não era possível determinar um número nesta altura.
O ciclone Chido atingiu Mayotte esta noite, com ventos de mais de 200 km/h, danificando habitações, edifícios da administração local e um hospital. Foi a tempestade mais forte a atingir o arquipélago francês em 90 anos, segundo o instituto de meteorologia francesa.
"Honestamente, o que estamos a viver é uma tragédia, sentimo-nos nas consequências de uma guerra nuclear... Vi todo um bairro desaparecer", descreveu Mohamed Ishmael, um residente da capital de Mayotte, Mamoudzou, à Reuters.
Imagens aéreas da polícia francesa mostram os destroços de centenas de casas improvisadas espalhados nas colinas de uma das ilhas de Mayotte, que têm sido um foco de imigração ilegal vinda de Comores, um país vizinho. Cerca de 100 mil imigrantes sem documentos vivem em Mayotte, segundo o governo francês.
Localizada a 8 mil quilómetros de Paris, Mayotte é significativamente mais pobre que o resto de França, com mais de três quartos da população a viver abaixo da linha de pobreza. O arquipélago tem sofrido problemas de violência entre gangues e agitação social nas últimas décadas.