15 dez, 2024 - 20:27 • João Pedro Quesado
O governo de Israel aprovou este domingo um plano para aumentar o número de colonos da região dos Montes Golã, um território ilegalmente ocupado à Síria desde 1967. Depois da queda do regime de Bashar al-Assad, Israel ocupou mais território na região.
Segundo a "BBC" e a "Al Jazeera", o gabinete do primeiro-ministro de Israel declarou que o governo "aprovou unanimemente" o "desenvolvimento demográfico" do território ocupado. O objetivo declarado é duplicar a população dos Montes Golã, que Israel ocupou durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e anexou (através da imposição da lei israelita na zona) em 1981 - decisão considerada ilegal sob o direito internacional.
O exército israelita deslocou-se para uma zona desmilitarizada que separa os Montes Golã da Síria nos dias seguintes à queda da ditadura da família Assad, no domingo passado. O argumento de Israel é que a mudança de controlo político em Damasco significa que os acordos de cessar-fogo "colapsaram".
"Fortalecer os Golã é fortalecer o Estado de Israel, e é especialmente importante nesta altura", apontou Benjamin Netanyahu, sublinhando que o país "vai continuar" na região, "fazer com que floresça, e viver lá".
Israel lançou mais de 60 ataques em toda a Síria e(...)
De acordo com a "Al Jazeera", o plano é relativo apenas à parte dos Montes Golã ocupada por Israel desde 1967, não abrangendo o território da zona desmilitarizada - onde está incluído o Monte Hérmon, visível de Damasco.
O plano prevê mais de 11 milhões de dólares em financiamento para o aumento da população de colonos. A região já tem mais de 30 colonatos, com cerca de 31 mil israelitas a viver ao lado de minorias como os drusos - que se identificam predominantemente como sírios.
Apesar da decisão, Netanyahu declarou este domingo que Israel "não tem interesse num conflito com a Síria", e que vai determinar "a política de Israel sobre a Síria de acordo com a realidade no terreno".
Este sábado e domingo, mais de 60 ataques israelitas atingiram locais militares em poucas horas em toda a Síria, quase uma semana após a tomada de Damasco por uma coligação armada, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
O líder insurgente sírio, Ahmed al-Charaa, garantiu no sábado não estar interessado em entrar em conflito com Israel, e apelou à intervenção urgente da comunidade internacional para travar a escalada israelita contra o país árabe.